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“Tráfico de drogas no Brasil: o que os olhos não querem ver”, por Felix Romanos

O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás apenas da China e Estados Unidos. Segundo dados oficiais, atualmente, 759.518 brasileiros encontram-se em situação de cárcere, desses, 32% respondem a crimes relacionados ao tráfico de drogas.

Em decorrência da Lei 11.343/2006, o número de presos por tráfico de drogas teve um crescimento de 480% em apenas quinze anos, saindo de 31.520 em 2005 para 182.779 em 2021, entretanto, a sensação de segurança e o combate efetivo ao tráfico de drogas estão de fato muito longe de ocorrer.

Dados da pesquisa divulgada em 2014 pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP apontam que mais de 80% das prisões por tráfico de drogas no Brasil ocorrem em decorrência de abordagens policiais realizadas nas ruas em patrulhamento de rotina e, em mais de 60% dos casos, a quantidade de droga apreendida foi menor que 100 gramas.

É justamente aqui que faço um questionamento: é esse o verdadeiro traficante brasileiro? Pessoas presas com atitude suspeita e posse de menos de 100 gramas de drogas? Eu acredito que não! Os verdadeiros traficantes estão longe, porque ‘nossos olhos’ não querem vê-los.

A população carcerária brasileira é composta, majoritariamente, por jovens negros e com baixa escolarização e, como já apontado acima, 32% com envolvimento em crimes de tráfico de drogas.

A política de encarceramento não tem dado respostas concretas para o problema do tráfico no Brasil, ainda mais quando identificamos que os traficantes responsáveis pelo grande volume de movimentação de drogas no brasil, aqueles que importam, exportam e distribuem grandes quantidades de drogas, estão longe do sistema carcerário e, na maioria dos casos, destoam do perfil carcerário brasileiro.

Dois casos podem confirmar a discrepância dos grandes traficantes por pessoas presas com drogas para uso próprio.

1) Isaac Acolumbre, primo do Senador da República Davi Acolumbre, foi preso em ação da Polícia Federal realizada no Amapá no último dia 20. As investigações apontam que Issac, dono de um aeródromo, fornecia apoio logístico para aeronaves com drogas realizarem voos em território nacional de países como Colômbia e Venezuela.

2) Em 2019, o sargento da Força Área Brasileira (FAB), Manuel Silva Rodrigues, foi preso na Espanha com 39 kg de cocaína depois de desembarcar de um avião de apoio da comitiva do presidente Jair Bolsonaro que iria para o Japão em reunião do G20.

Além do sargento Manuel Silva Rodrigues, em março desse ano, a justiça militar determinou a prisão de outros oficiais por tráfico de drogas, sendo eles os sargentos Márcio Gonçalves de Almeida e Jorge Luís da Cruz Silva e o tenente-coronel Alexandre Augusto Piovesan.

Os casos de Isaac Acolumbre, primo do Senador da República Davi Acolumbre e dos oficiais da FAB apontam para os verdadeiros traficantes do país, responsáveis por uma grande logística de importação, exportação e distribuição em território nacional e internacional. Eles são os traficantes que os ‘nossos olhos’ não vêem.

Na maioria dos casos, são pessoas com formação privilegiada, membros da elite econômica, com atuação política, empresarial e envolvidos nos ramos dos grandes negócios, e de longe, muito longe, é o garoto pobre e negro abordado nas ruas, apreendido com um cigarro de maconha. Mas continuamos a prender jovens pobres e negros, porque de algum modo precisamos achar que o problema está sendo resolvido. Só que não!

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)