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“As drogas na ótica experiência”, por Felix Romanos

Na última coluna, em face da publicação de meu livro, eu dediquei todas as linhas para manifestar a gratidão às pessoas que me auxiliaram em todo o meu processo de anos de dependência e recuperação.

O lançamento do livro Provas de Amor: histórias de recuperação na luta contra as drogas foi um sucesso. Centenas de pessoas estiveram presentes em um evento profundamente simbólico, onde todo o recurso obtido das vendas do livro foi revertido para a entidade Amor Exigente.

Procurei proporcionar uma experiência única para aqueles que puderam comparecer ao evento. Desse modo, considerando que muitos se prepararam para um lançamento de livro, busquei deslocá-los de tudo aquilo que compreendiam quanto um evento de livro.

A proposta consistiu em permitir aos convidados uma experiência sobre o ingresso no mundo das drogas, o processo da dependência, os prejuízos resultantes dela, os impactos na família e a consequente luta pela recuperação, na alegoria de uma guerra do bem contra o mal.

Para entrar no evento, era necessário passar por uma espécie de labirinto, onde em cada espaço, artistas de competência inestimada e sensibilidade única representavam as cenas do mundo da dependência química.

O primeiro ambiente representava os primeiros passos contato com as drogas, muitas vezes em festas e espaços com amigos. Os convidados que foram ao lançamento do livro tiveram que ingressar nesse ambiente e em seguida a todos os demais, onde, primeiramente, compreendiam que os primeiros contatos com as drogas ocorrem em ambientes alegres, festas e/ou reuniões de amigos.

Representando a luta do bem contra o mal, anjos e demônios se posicionavam na entrada com o objetivo de apresentar a ideia de uma escolha individual, onde infelizmente acabam optando pela falsa ideia de lazer, diversão e entretenimento, sem saber as derradeiras consequências.

O próximo ambiente do labirinto representava pais em desespero a procura de seus filhos após muitos dias sem retornarem para suas casas em decorrência do uso compulsivo de drogas. Em uma aceleração do consumo, a ideia foi retratar os impactos das drogas no interior das famílias, o desespero de pais, filhos, irmãos e todos os familiares impactados com o poder destrutivo das drogas.

O terceiro ambiente do labirinto fazia alusão às pessoas que, em situação de absoluto descontrole com as drogas, passaram a viver em situação de rua em regiões de cracolândia.
O ambiente pesado impactava os visitantes que pensavam em um lançamento convencional de livros. As cenas de puro realismo causavam dor, desespero e não foram poucos que se entregaram as lágrimas.

Mas era uma encenação, atores e cenário. Não era real, mas sim uma interpretação da realidade. A proposta foi criar um ambiente de reflexão, uma experiência no submundo das drogas com o objetivo de sensibilizar aqueles que vão ler o livro, mas, mais que isso, a todos que cotidianamente testemunham a situação de dependência química pelas telas de televisão, noticiários de internet, ou com um familiar em situação de uso.

Na cracolândia encenada, a guerra entre o bem e o mal se manifestava nas ações de religiosos que se dedicam no cuidado e na oferta do amor às pessoas em cena de uso e em situação de rua. Orações eram realizadas com o objetivo de resgate, juntamente com palavras de conforto, amor, fé, abraços e esperança.

Diante dos esforços das orações e da fé na recuperação e no poder revolucionário do amor, os atores que representavam usuários de crack e outras drogas eram tocados, sensibilizados e abriam seus corações para iniciar a luta contra as drogas.

A ruptura com as drogas era o último estágio de um labirinto alusivo a realidade onde, infelizmente poucos conseguem chegar ao fim e se emancipar das drogas.

Apenas após passarem por essa experiência, os convidados podiam acessar o ambiente interno do salão, aproveitar o coquetel e adquirir seus livros. Como é um livro com histórias de superação às drogas, o propósito foi permitir aos leitores uma experiência embebedada de realismo.

Após passarem por tal experiência, as palavras de cada linha do livro vão traduzir um significado expressivamente maior e permitir a compreensão das fronteiras de tensão com as drogas, os caminhos e descaminhos, a porta de entrada no labirinto de destruição, onde, infelizmente poucos conseguem sair.

Reforço que todos eram atores; nenhum deles era usuário de drogas e o cenário retratava um ambiente, mas não era a cracolândia em si. Digo isso porque se você esteve presente e se impactou ou se consegue demonstrar sensibilidade ao ler esse texto descritivo, imagine a dimensão das dores provocadas na vida dos usuários e de seus respectivos familiares.

Que sejamos todos provas de amor e que nossos braços estejam sempre abertos para abraços de amor. Que nossos lábios confessem a paz e que nossos passos nos encaminhe para a justiça, pois juntos, sempre juntos, podemos transformar o mundo.

Para quem adquiriu o livro, peço que me dê suas impressões e para aqueles que procuram e não sabem encontrar, me chame no Instagram.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com