Em um ano eleitoral, promessas são firmadas por candidatos a postulantes dos mais diversos cargos abertos para a disputa, de modo inocente, podemos até acreditar que o processo eleitoral aponta saídas para os estruturantes problemas de nossa sociedade, entretanto, assim que os resultados das urnas são divulgados e uma nova administração se inicia, os problemas continuam a existir.
O problema das drogas do Brasil certamente será uma pauta abordada pelos candidatos, na maior parte dos casos, com respostas genéricas para a complexidade do problema. Profissionais de marketing e tantos outros envolvidos na corrida eleitoral preparam os candidatos para falar aquilo que os ouvidos querem ouvir, mas, poucos são os que de fato compreendem a profundidade dos problemas e apontam saídas reais para os dilemas que vivemos.
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O Brasil é o segundo maior mercado consumidor de drogas de todo o mundo, e a forma de lidar com o problema foi somente através da chamada “guerra contra as drogas”, mas com resultados insuficientes. É necessário que observemos em todos os candidatos suas efetivas propostas para o problema das drogas em nosso país, assim como, nas condições estruturantes de nossa sociedade.
O debate sobre as drogas é urgente e necessário, mas juntamente com ele deve-se somar as condições que levam os indivíduos para a situação de dependência, o modelo de sociedade que empurra as pessoas para as drogas, as formas de tratamento às pessoas em dependência química e os mecanismos de combate as drogas.
Nosso compromisso deve se centrar na observância da capacidade dos agentes políticos em solucionar os nossos problemas em uma perspectiva efetiva e não somente em bravatas eleitorais e com chavões montados por profissionais. Devemos exigir um plano efetivo de ação às “cracolândias” espalhadas pelo Brasil, um programa de atuação do Sistema Único de Saúde, assim como de Comunidades Terapêuticas para tratamento de pessoas em situação de dependência química, um programa de prevenção ao uso de drogas e instrumentos efetivos de ação para as condições que levam nossos irmãos e irmãs ao uso compulsivo de drogas.
Devemos exigir responsabilidade sobre a questão de drogas no Brasil em uma perspectiva técnica, com profissionais competentes e alinhados aos programas de sucesso em outros países.
Nos cabe também o exercício de observância sobre os mandatos dos representantes eleitos e a cobrança permanente sobre os compromissos firmados com a população durante o período eleitoral, assim como atuar ativamente nas entidades, movimentos sociais, comunidades terapêuticas e tantas outras organizações que militam em defesa da vida e lutam contra os males da dependência química.
O problema das drogas no Brasil deve ser pensado em uma perspectiva multidimensional e não somente no prisma da segurança pública. Portanto, em paralelo à segurança pública, nos cabe a tarefa de exigirmos os programas que falem sobre o assunto na ótica transdisciplinar com atuação da educação, saúde, previdência social, cultura, economia, geração de emprego e renda, entre outros.
Insisto que problemas complexos devem ser pensados em sua complexidade, portanto, nos cabe a tarefa de exigir responsabilidade e conhecimento no momento de apresentar propostas para o problema das drogas no Brasil e fugir e denunciar soluções mágicas e irresponsáveis.
O problema é coletivo e a solução também, portanto, que ocupemos o nosso papel nesse importante debate e que o deixemos apenas para momentos eleitorais.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)