Vivemos na sociedade da hiperprodutividade e da constante busca do sucesso. Até aí não teríamos problemas maiores se não fosse o pouco tempo que dispomos para o autoconhecimento.
A imposição da aprovação social a todo custo e a busca por conquistas intermináveis nos impedem de viver e aceitar os estágios naturais da vida, tais como o sofrimento, as dores, as derrotas e a própria finitude. Na busca da perfeição e da felicidade suprema, as redes sociais tornam-se vitrines para a exposição de uma vida irreal. Fotos são editadas, lugares são consumidos tão somente para o registro, sorrisos são forçados para o click e a exposição de uma vida permanentemente feliz e bem sucedida é o horizonte a ser seguido.
Diante da pressão e da busca absoluta por aceitação, deixamos de saborear e aprender com os estágios da vida. Pulamos as etapas naturais de aprendizado e forjamos uma identidade frágil tal como a casca de um ovo. A vida é cheia de altos e baixos, é um processo de interminável aprendizagem, onde o sucesso e a derrota são estágios comuns, assim como a felicidade, a tristeza, a vontade de vencer e a de perder.
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Oscilamos permanentemente porque essa é a condição humana. Um dia acordamos bem, outro mal, um dia tudo sai como esperado e dormimos com uma felicidade absoluta, e em outro, os obstáculos da vida nos faz dormirmos com profunda tristeza e angústia. Essa é a nossa condição, e não devemos pular as etapas, consumir pílulas de autoajuda ou frases bonitas para nos impedir de encarar ou viver os dias difíceis, pois eles fazem parte dos ciclos comuns da vida, portanto, são neles que aprendemos, crescemos e seguimos.
A vida é feita de momentos, ora bons, ora ruins; são esses momentos que nos ensinam que nada é absolutamente eterno, a felicidade e/ou a tristeza, a vitória e/ou a derrota. Também não é eterna a própria vida, portanto, encará-la com leveza é o caminho ideal para que possamos crescer a cada dia, aprender com as lições da passagem do tempo e reconhecer que as derrotas fazem parte do processo.
Diante da dificuldade de lidar com as decepções, derrotas, tristeza, frustrações e dores, muitos recorrem ao álcool e outras drogas, assim como a outros vícios comportamentais como válvula de escape para não enfrentarem a dor. Entretanto, essa fuga não nos ajuda em nada, pois os dias ruins vão voltar, como a tempestade que causa destruição, mas sempre passa e logo após uma grande chuva, o sol volta a brilhar com um arco-íris encantador.
Devemos ter encontros fraternos e respeitosos com a dor, com a derrota e com a tristeza, respeitá-las e saber que elas habitam em nós, assim como a alegria, a paz e a leveza. Portanto, nosso desafio consiste em não sucumbirmos nos dias difíceis, tampouco exagerar nos dias bons, é necessário equilíbrio para passarmos pela jornada da vida.
Não é possível tomarmos uma pílula e pararmos de sofrer, não é possível impedir a passagem do tempo, muito menos, evitar as tempestades. O que podemos e devemos fazer é criar em nós uma força para atravessarmos com a segurança de que não serão as respostas fáceis, tampouco as pílulas de autoajuda que vão nos fortalecer, mas sim, a fé em Deus, em nós mesmos e a resiliência de seguir adiante, mesmo diante das adversidades.
Respeite seus sentimentos! Aceite suas derrotas na perspectiva de aprender com elas e não mais negá-las! Conheça-te a ti mesmo e siga teus caminhos. Mesmo com os dias ruins, se te faltar inspiração, lembre do que disse os Racionais MC’s “o tempo ruim vai passar é só uma fase”.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)