Estamos entrando em mais um processo eleitoral. Infelizmente o pleito desse ano ganha contorno de final de campeonato, os ânimos das torcidas organizadas começam a ficar cada vez mais exaltados, os adversários são xingados, os juízes odiados por todos os lados e testemunhamos aquela sensação de irracionalidade que toma a cena, diante desse caos, é necessário e urgente pensarmos sobre os rumos de nosso país a partir da leveza da racionalidade, deixando assim a paixão de lado.
Junto ao presidente da república, serão eleitos: 513 deputados federais, 27 senadores, 27 governadores de estado, além dos deputados estaduais, mas essa galera toda é reduzida a polarização cada vez mais intensa entre Bolsonaro e Lula, anulando também as outras opções ao Planalto Central, como se nessa disputa houvesse apenas dois jogadores.
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Não é de meu interesse apontar qual o melhor candidato para assumir a presidência do país, procuro tão somente refletir sobre a necessidade da escolha ser pautada na racionalidade, na análise do currículo de cada uma das opções, em seu conjunto de propostas e nas reais possibilidades de execução.
Jair Bolsonaro está encerrando seu mandato à frente da presidência de nosso país, desse modo, se a sua avaliação sobre esses 4 anos é positiva, se você identifica que o atual governo apresentou mais acertos do que erros e que estamos de fato no caminho correto, você certamente já tem a sua decisão. Por outro lado, se você avalia que o governo Bolsonaro não representou o melhor modelo de gestão, não caminhou o país para os rumos corretos e que seus erros foram maiores que acertos, você também já sabe o que fazer.
Na outra ponta da disputa, Lula foi presidente por dois mandatos, contribuiu decisivamente na eleição de Dilma. É um político experiente na vida pública, ocupa a 1° posição em todas as pesquisas de opinião e novamente chega com força em mais um pleito eleitoral. Se a sua avaliação dos governos de Lula for positiva, a sua decisão também já está tomada.
Lula é o oposto de Bolsonaro, assim como Bolsonaro é o antagonismo de Lula, ambos centralizam o debate das eleições, mas não são os únicos na corrida. Não podemos deixar de lado que há outros candidatos, tais como Ciro Gomes, Simone Tebet e outros. Mas estes, até o momento, sem forças nas pesquisas de opinião para chegar ao segundo turno. Ao que tudo indica, a vitória estará nas mãos ou de Lula, ou Bolsonaro.
Pelo panorama atual, o voto para presidente já está certo, mas é necessário lembrá-los que no dia da eleição, você também irá escolher na urna a opção para deputado estadual, deputado federal, senador e governador de estado. E essas opções, você já tem definido? Qual o critério de escolha de deputados, senador e governador? Você sabe quantos senadores serão escolhidos? O que eles fazem? Qual a importância dos deputados estaduais e federais? Quantos deputados estaduais serão escolhidos por São Paulo? E deputados federais? Quantos são? Quantos desses serão eleitos por São Paulo? O que eles fazem?
Centralizar a disputa eleitoral apenas no voto para presidente e instrumentalizar a disputa tão somente entre Bolsonaro e Lula é caminhar nas areias movediças da paixão, uma trilha demasiada arriscada e certamente arenosa demais para pisarmos com segurança. É necessário pensar com a razão, avaliar com serenidade, clareza e identificar nas propostas qual o melhor caminho para o nosso país.
Qual plano de governo apresenta as melhores políticas públicas para equacionar o problema das cracolândias do país? Qual apresenta de fato um tratamento multidimensional aos usuários de drogas? Qual apresenta as melhores alternativas de combate e prevenção ao uso? Qual dos candidatos assume o compromisso efetivo com as famílias dos dependentes?
Essas mesmas perguntas você deve para as áreas de educação, saúde, geração de emprego e renda, segurança pública, desenvolvimento econômico, meio ambiente, seguridade social, etc. A escolha não deve ser passional, mas sim, na serenidade da razão, portanto, te convido para sair do agito e dos gritos da arquibancada para refletir sobre as escolhas na leveza e calmaria da razão.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)