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“Origens”, por Marco Tanoeiro

Em algum momento, em praticamente todas as discussões travadas sobre política nas redes sociais, vemos debatedores sacarem o seguinte “argumento/acusação”: COMUNISTA! Prontamente, o torpedo ideológico é respondido por outro habitual “argumento/acusação”: FASCISTA!

Comunismo e fascismo são apenas duas das ideologias político-filosóficas que compõem um eixo espectral muito mais amplo. As pontas opostas desse eixo convencionou-se denominar “esquerda” e “direita”.

No entanto, muitos desses debatedores de internet não sabem a origem dessa nomenclatura. Mais, que “esquerda” e “direita” são conceitos originados no mesmo evento histórico.

Sem nos alongarmos muito, temos que tais conceitos surgiram com a Revolução Francesa, de 1789. Os membros da então Assembleia Nacional se dividiam da seguinte forma: os leais à religião e ao rei (os “pacíficos” girondinos) sentavam-se à direita de quem presidia a Assembleia; simpatizantes da revolução (os “barulhentos” jacobinos), à sua esquerda. Ou seja, conservadores do regime implantado sentavam-se à direita, e os que desejavam mudanças, à esquerda.

De 1789 para os dias atuais a definição e a composição do eixo esquerda-direita sofreu inúmeras alterações. Há um consenso entre os estudiosos de que a esquerda inclui progressistas, ambientalistas, social-democratas, socialistas, comunistas e anarquistas, apenas para citar os mais conhecidos do público. Já a direita, pelo mesmo critério de popularidade, inclui neoliberais, conservadores, reacionários, anarco-capitalistas, monarquistas, teocratas, nacionalistas, fascistas e nazistas. 

Os chamados “esquerdistas” defendem políticas baseadas nos ideais de igualdade como a justiça social, o igualitarismo e a socialização dos meios de produção econômica. Já os “direitistas” pensam o mundo a partir de uma perspectiva idealizada no passado e na tradição, em valores nacionais ou religiosos, ainda que esses valores sejam míticos, sem comprovação histórica de sua concretude.

Voltando aos debates políticos nas redes sociais, percebemos que a divisão esquerda-direita, somada aos algoritmos das grandes corporações têm limitado a compreensão mais aprofundada sobre a política. Geralmente, o termo “direitista” é usado sem muito critério ao pensamento conservador. Do mesmo modo, “esquerdista” é genericamente aplicado às reflexões e propostas progressistas.

Some-se a isso o fato que conservadores e progressistas, não raro, associam-se com liberais. Por exemplo, há quem defenda a descriminalização do aborto e as políticas de cotas, mas apoia o mercado. Também há defensores de uma política antiaborto e contra as cotas que aceitam igualmente o liberalismo econômico. É muita complexidade para as redes sociais.

Por fim, admito que se tivesse participado das Assembleias do Século XVIII certamente guardaria meu assento à esquerda, junto aos barulhentos. 

E você, de que lado se acomodaria?

(Esse texto não expressa, necessariamente, a opinião do site HojeDiário.com)