A vastidão do horizonte descortinado revela a imagem do infortúnio estampada no semblante abalado de um país severamente atacado pelas hordas que tentam dele usurpar as conquistas das últimas décadas, que só foram possíveis por estarem fortemente alicerçadas nas lutas e no trabalho de sucessivas gerações que vêm construindo um Brasil forte, soberano e democrático.
A cada pessoa, diante deste cenário, cabe tomar partido. Do contrário, poderá restar o sentimento da covardia em quem se omitiu quando o país mais precisou de seus filhos e filhas para defendê-lo. A pluralidade das possibilidades de combate e a variedade dos instrumentos de batalha, entretanto, não dispensam o sentido de direção. É a democracia que está sob ameaça! E sem democracia o principal pilar a sustentar nossa fortaleza se desfaz. Sob ruínas não há luz! E sem luz, as trevas tendem a obstruir o caminho do processo civilizatório e permitir a instalação da barbárie.
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É assim que observo um país a nos convocar para estarmos do lado certo da história. E foi assim, diante desta convocação, que decidi deixar o PDT para ingressar nas fileiras do combate em defesa do Brasil, sem vaidade, ressentimento, contradições de posicionamento e sem os erráticos e fortuitos movimentos frente ao avanço das forças antidemocráticas. Tais sentimentos e táticas não podem estar acima da realidade, colocando-se como se argumentos fossem, quando, em estado profundo, não passam de ignomínia política.
Um partido não pode ficar à mercê de quem se sente o ungido, o único com capacidade de ter as respostas para todos os problemas, apresentando-se como imaculado no ambiente tão contaminado da política, inviabilizando alianças e se colocando acima das instituições partidárias.
Não será individualmente que vamos vencer esse período sombrio de nossa história, e sim, coletivamente. Um partido político precisa considerar todas as suas forças, não deixar-se vencer por interesses obtusos ditos de vanguarda, mas que se alimentam das forças do atraso. Partido não é lugar de despotismo esclarecido. Lanço-me diante da certeza de que o curso da história será alterado apenas quando formarmos uma corrente de elos forjados nas mais variadas lutas democráticas e pela justiça.
Uma antiga canção, tornada hino do combate a ditadura militar no Brasil, tem como um de seus versos mais conhecidos aquele que assegura que “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. No entanto, gosto também de outro verso desta mesma canção intitulada “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, que dá título ao presente artigo, pois é assim que me sinto, tendo “a certeza na frente, a história na mão”. Não há certeza frente ao resultado e sim diante do desafio que temos em fazer história e salvar o Brasil do obscurantismo.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)