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“Endividamento crescente da população”, por Robinson Guedes

Não é nenhuma novidade dizer que o Brasil tem passado por uma crise financeira intensa que tem mexido com as estruturas familiares nos quatro cantos do país. Com a alta inflacionária, combustíveis com preços altos e alimentos básicos com valores exorbitantes, é difícil para famílias das classes média e baixa se mantenham sem sofrer com o orçamento.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que em agosto 79% dos lares brasileiros estavam endividados. O índice leva em consideração dívidas no cheque pré-datado e cheque especial, cartão de crédito, carnês, créditos consignados, empréstimos pessoais e prestações de automóveis e imóveis.

O endividamento tem atingido com muita força famílias que possuem menor renda, afinal, com a comida, remédios, transporte, entre outros bens básicos para o dia a dia a preços cada vez mais altos, é difícil se manter com salários baixos e que não são reajustados para estarem alinhados ao atual custo de vida, levando em conta a inflação.

A pesquisa da CNC também mostra que a inadimplência avançou muito em agosto de 2022, chegando a marca de 29,6%, maior percentual desde o início da série histórica, datado de 2010. Os dados não mentem, quanto menor o salário, maior a dificuldade de se manter com orçamento mensal positivo.

Não há receita de bolo que possa salvar os brasileiros das dívidas, afinal, as causas dessa situação são muitas, sendo que o gasto principal é o com o mais importante item de sobrevivência: a comida. O leite, tradicional no café da manhã, chegou a ser comercializado por R$ 8 em vários locais do Brasil, ou seja, levar para casa um fardo com 12 unidades se tornou impossível, pois sumiria com uma grande parte do dinheiro da população.

A substituição de alimentos, apesar de não ser o mais indicado, já virou rotina para milhões de brasileiros, e é uma forma de ter comida no prato mesmo com pouco dinheiro no bolso. Sai a carne e entram os legumes e verduras. Saem o leite e o café e entra o chá. Sai o peito de frango e entram os pés de galinha e ossos para a preparação de caldos.

Ainda não há uma expectativa muito positiva nesse cenário. Os alimentos seguem com preços acima do normal e, de acordo com agricultores e produtores do meio, ainda vão levar alguns meses para a normalização. E não podemos nos esquecer de que, mesmo com a redução nos preços, nem tudo será às mil maravilhas.

As famílias endividadas seguirão endividadas por mais algum tempo após o recuo nos valores, pois as contas seguem sendo cobradas. A folga no orçamento pode ser uma grande aliada, afinal, será mais fácil quitar as dívidas anteriores tendo menos gastos. Mas é importante ressaltar que ainda teremos alguns meses bem apertados para aqueles que mais precisam.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)