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“Quando a demissão voluntária vira a melhor opção”, por Robinson Guedes

Não é segredo para ninguém que o Brasil tem enfrentado uma crise no mercado de trabalho desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020. No entanto, o cenário pós-pandêmico tem ido na contramão das expectativas gerais de intensificação nas contratações e nos esforços para manter empregados ativos e evitar saídas.

A LCA Consultores divulgou um levantamento, feito com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra que em agosto houve número recorde de pedidos de demissão voluntária. Ao todo, foram registrados 1.773.161 desligamentos, sendo que destes, 632.798 foram feitos pelos próprios trabalhadores. Quando comparado a agosto de 2021, o avanço é considerado muito grande, já que naquele ano, o número de pedidos de demissão foi de 504.156.

Apesar de ser surpreendente, existem alguns fatores que justificam a saída dos brasileiros de seus postos de trabalho, sendo o principal deles, a precariedade de alguns setores. Com salários baixos, que não conseguem suprir as necessidades básicas, os trabalhadores tendem a buscar oportunidades que melhor se enquadrem em suas despesas e estilo de vida. Logo, a demissão se torna inevitável, já que ele sai do emprego mal remunerado e parte para outro que seja mais favorável.

Outro fator que não pode ser ignorado diz respeito a qualidade de vida e como o posto de trabalho em questão interfere em atividades sociais e cotidianas do trabalhador. Com os períodos de isolamento social e quarentena, no qual boa parte da população teve de experimentar um descanso físico maior e uma redução nas atividades diárias, muitas pessoas têm colocado saúde mental como uma prioridade e evitam se manter em empregos com carga horária que exceda os combinados em contrato, bem cobranças além do ambiente corporativo.

Com a junção de qualidade de vida e remuneração mais eficientes sendo grandes prioridades, é esperado que haja um movimento em massa no qual milhares de trabalhadores vão passar a buscar novas oportunidades, que favoreçam um crescimento pessoal e profissional, além das questões financeiras.

Com as demissões, há certa expectativa de crescimento no segmento empreendedor, no meio das micro e pequenas empresas. Com a possibilidade de criar o próprio negócio, o empreendedorismo se fortalece, o que, por consequência, também tem grande poder de fortalecimento do mercado de trabalho, já que haverá mais empresas, novos postos de trabalho e, o principal, a renovação do meio.

O mundo e o Brasil estão passando por muitas mudanças, algumas que surpreendem a todos, como é o caso do aumento no número de demissões voluntárias. Nesse cenário de transformação, é fundamental se manter aberto às novas possibilidades, estar atento a novas oportunidades e ter olho para as possíveis renovações.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)