Douglas Belchior, professor nascido em Suzano e que viveu grande parte da vida na cidade de Poá, é um dos nomes escolhidos para compor o gabinete de transição do novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo de transição é coordenado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), com o ex-deputado Floriano Pesaro na coordenação executiva.
A transição é responsável por obter informações detalhadas sobre a situação das contas públicas, dos programas e projetos do governo federal, seguido pelo funcionamento dos órgãos. Ao todo, a equipe de transição deve ter mais de 100 pessoas entre colaboradores, voluntários e técnicos. Acompanhado por Givânia Maria Silva, Thiago Tobias, Iêda Leal, Marta das Chagas e Nilma Lido Gomes, Belchior foi selecionado para integrar a equipe de Igualdade Racial.
Douglas Elias Belchior, Douglas Belchior ou Negro Belchior como também é conhecido, tem 44 anos, nasceu em Suzano, mas cresceu em Poá. A infância foi marcada por grandes desafios, comum às famílias de trabalhadores pobres e periféricos dos anos 70.
Ainda jovem, aos sete anos vendia bolinho de chuva e geladinho na passarela da estação de trem de Ferraz de Vasconcelos. Até os 12 trabalhou nas ruas vendendo doces e balas. Depois disso, como “Guarda Mirim”, em Poá, passou por diversos trabalhos até chegar, em 1992, aos 14 anos, numa fábrica de cimento e tijolos para fornos de usinas de aço e ferro. O período na fábrica durou até os 22 anos.
Na época, Douglas conheceu o Sindicato da Construção Civil e o Partido dos Trabalhadores. Em 2006, ajudou a fundar o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Foi uma longa caminhada, conciliando trabalho e estudo, até se formar em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 2009. Belchior foi o primeiro da família a se formar num curso superior, orgulho da mãe trabalhadora doméstica e do pai operário e dono de boteco.
Também em 2009, foi um dos fundadores da Uneafro-Brasil, movimento de luta contra o racismo através da prática da educação popular e voltado para a conquista de direitos da população negra e periférica ao acesso à universidade. Ajudou a construir também a Frente Pró Cotas Raciais do Estado de São Paulo, uma das iniciativas responsáveis pela pressão social das universidades públicas paulistas a adotarem as cotas raciais. Além do segmento de educação, atuou contra a sistemática violência racista, que o levou a trabalhar também na denúncia cotidiana da violência policial. Em São Paulo foi um dos fundadores do Comitê de Luta Contra o Genocídio.
Pelo PSOL, disputou as eleições de 2012 (vereador em Poá), 2016 (vereador em SP) e 2014 e 2018 (deputado federal). Em dezembro de 2021, anunciou seu retorno ao Partido dos Trabalhadores (PT). Neste ano, concorreu a deputado federal, mas não conseguiu se eleger. Atualmente, Douglas é considerado uma das principais lideranças negras dentro do PT.
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