Muitas pessoas que me conhecem, sabem o quanto admiro Machado de Assis. Aqui mesmo nessa coluna já falei de um conto dele.
Hoje, eu volto aqui, para refletir sobre mais uma obra desse gênio da Literatura Brasileira: o conto O Alienista.
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Resumindo de forma bastante rápida, trata-se de um médico, chamado Simão Bacamarte, muito respeitado nos meios acadêmicos, que chegando a uma cidade do interior do Rio de Janeiro, resolve se aprofundar nos estudos da psiquiatria e como consequência disso, acaba criando um manicômio chamado Casa Verde.
De repente, esse manicômio começa a ficar superlotado porque o médico passa a diagnosticar loucura em todos que passavam pelo seu consultório. A cidade fica irritada, faz inúmeros movimentos para mudar isso, mas num certo momento, Dr. Simão Bacamarte, encontra uma nova teoria, muda os tratamentos libera o povo que estava e começa a internar outras pessoas, mais uma vez, com o diagnóstico segundo a nova teoria.
No final do conto, Dr. Bacamarte busca uma nova teoria sobre as doenças mentais e finalmente libera todos os que estavam internados na Casa Verde, e interna-se sozinho diagnosticando que o louco era ele mesmo. Lá, ele falece alguns meses depois.
Muito bem, conhecida a história, eu quero aqui destacar dois pontos importantes: acredito que nosso grande autor, fundador da Academia Brasileira de Letras, estivesse criticando as ciências de modo geral, e, mais especificamente, a psicanálise recém-lançada na Europa e que, graças a Freud, se espalharia pelo mundo na mesma velocidade que a Teoria da Relatividade de Einstein o faria duas ou três décadas depois. Recentemente tivemos algo semelhante com as contradições da Ciência com relação à pandemia e vimos que houve muitos debates sobre sua origem, tratamento e criação de vacinas.
A ciência muda, descobre novos caminhos, novos elementos, novas possibilidades e Machado de Assis aproveita esse momento positivista do mundo para criticar como a ciência se fundamenta e muda esses fundamentos depois.
Um segundo ponto que quero aqui destacar são os problemas de saúde mental, o que se conhece hoje e o que se conhecia na época de Machado deu um salto astronômico. Pois bem, acredito que as doenças “mentais” ainda precisam de muitos cientistas para conhecer e vislumbrar tratamentos e medicamentos.
Eu não sei se já disse isso aqui, mas se disse digo de novo: a Ciência conhece muito bem as doenças respiratórias: de um simples resfriado, passando pela gripe, pela asma e bronquite, pela pneumonia e outras doenças do aparelho respiratório, principalmente com a pandemia pela qual passamos. Muitos medicamentos e vacinas vêm sendo desenvolvidos no sentido de curar ou evitar essas doenças. Assim, concluo da seguinte forma: as doenças mentais também devem ter esses níveis diferentes de gravidade: algumas doenças mentais menos graves – fazendo-se uma análoga ao resfriado – ainda não foram diagnosticadas.
Eu acredito que uma doença mental no início é difícil de ser diagnosticada, é isso que quero argumentar, só depois que ela se manifesta com desvios de comportamento mais graves é que tanto os médicos como as indústrias farmacêuticas acabam se preocupando.
Mas tudo é teoria…..
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)