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“Proteínas no sangue podem indicar câncer até sete anos antes do diagnóstico clínico”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

Imagine um cenário em que o câncer possa ser identificado com até sete anos de antecedência, antes mesmo de qualquer sinal clínico ou sintoma perceptível. Isso que parecia ficção científica está se aproximando da realidade graças a um estudo recente que revelou a presença de proteínas específicas no sangue capazes de sinalizar a presença de câncer de forma precoce.
Pesquisadores do Reino Unido, em parceria com instituições norte-americanas e europeias, analisaram amostras de sangue de mais de 40 mil pessoas ao longo de uma década. Entre essas amostras, cerca de 5 mil pertenciam a indivíduos que mais tarde desenvolveram algum tipo de câncer. Ao aplicar técnicas de proteômica e inteligência artificial, os cientistas identificaram um painel de proteínas cujos níveis se alteravam anos antes do diagnóstico clínico de tumores como pulmão, mama, cólon e próstata.

Essas proteínas, produzidas pelo próprio tumor ou como resposta do organismo à presença dele, funcionam como verdadeiros “marcadores silenciosos” que, uma vez decifrados, permitem detectar alterações muito antes da manifestação da doença. O impacto desse achado é imenso, pois abre caminho para o desenvolvimento de exames de sangue simples, acessíveis e capazes de diagnosticar precocemente múltiplos tipos de câncer em fase ainda curável.

O desafio agora é validar esses achados em estudos prospectivos e com populações diversas, além de definir a aplicabilidade clínica: quais pacientes devem ser rastreados, com que frequência, e como interpretar os resultados diante de falsas positivas e negativas.

Do ponto de vista oncológico, essa descoberta representa uma verdadeira mudança de paradigma. Até hoje, a maioria dos casos de câncer ainda é diagnosticada em estágios avançados, quando os sintomas aparecem e as chances de cura diminuem. Se pudermos antecipar o diagnóstico em anos, teremos a oportunidade de intervir mais cedo, reduzir a agressividade do tratamento e melhorar significativamente a sobrevida e qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, esta estratégia poderá beneficiar especialmente os cânceres de crescimento silencioso, como o de pâncreas, ovário e pulmão – tumores que, quando diagnosticados precocemente, têm prognóstico muito mais favorável.

A medicina caminha a passos largos rumo à personalização e à prevenção ativa. A detecção de proteínas precursoras de câncer no sangue é um marco nesse caminho. Mais do que curar, estamos cada vez mais próximos de prever e prevenir.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).