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“Fake News vs ciência: suco “milagroso” e teorias conspiratórias”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

Nos últimos dias, um fenômeno preocupante voltou a ocupar espaço nas redes sociais: a disseminação de conteúdos que oferecem falsas promessas de cura para o câncer, muitas vezes mascaradas sob o discurso de terapias naturais ou “alternativas”. Circulam vídeos que exaltam misturas caseiras como “cura definitiva” para qualquer tipo de câncer — incluindo sucos com limão, babosa e gengibre. Em paralelo, ressurge uma perigosa teoria chamada “câncer turbo”, que associa, sem qualquer fundamento científico, vacinas de RNA mensageiro a um suposto aumento da agressividade tumoral
Como oncologista, não posso me calar diante disso. A cada paciente que decide trocar seu tratamento baseado em evidência por promessas não validadas, colocamos em risco aquilo que mais prezamos: tempo e qualidade de vida.

A medicina oncológica evoluiu de forma impressionante. Hoje, dispomos de terapias imunológicas, terapias-alvo, radioterapia de precisão e protocolos internacionalmente validados. Negar esses avanços em nome de soluções milagrosas é um retrocesso que pode custar caro.

É importante destacar, no entanto, que há terapias complementares de origem natural que podem, sim, ser incorporadas ao cuidado oncológico — desde que tenham respaldo científico. Um bom exemplo é o uso de curcumina (presente no açafrão-da-terra), que vem sendo estudada como agente anti-inflamatório e potencial modulador celular, embora ainda não substitua nenhum tratamento padrão. Outro caso é o da acupuntura, já reconhecida por diversas diretrizes como ferramenta eficaz no manejo de náuseas, dor e ansiedade em pacientes oncológicos.

O problema não é o natural. O problema é o que não é comprovado.

É fundamental lembrar:
• Não existe suco, chá ou composto caseiro com capacidade comprovada de curar câncer.
• Vacinas, incluindo as contra a COVID-19, não causam nem aceleram tumores — essa é uma fake news amplamente desmentida por estudos sérios e por órgãos reguladores do mundo inteiro.

A luta contra o câncer exige uma aliança entre ciência, acolhimento e responsabilidade. Qualquer caminho fora disso é um risco que não podemos aceitar — nem como médicos, nem como sociedade.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).