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“Fim de ano, saúde e prevenção: como atravessar as festas sem descuidar do corpo”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

As festas de fim de ano costumam marcar um período de confraternização, reencontros e celebrações intensas. Mas, do ponto de vista da saúde, esse também é um momento crítico: os excessos dessa época representam um dos maiores gatilhos para descompensações clínicas, aumento de emergências médicas e até agravamento de doenças crônicas silenciosas.
E, para quem vive o dia a dia da medicina, especialmente da oncologia, esse período traz lições importantes sobre prevenção, autocuidado e responsabilidade com o próprio corpo.

1. Excesso de álcool: o risco muitas vezes ignorado

O consumo de álcool dispara entre Natal e Ano Novo. O problema é que o álcool não é apenas uma substância socialmente aceita — é um carcinógeno classe I comprovado. Ou seja: quanto maior o consumo, maior o risco de câncer, especialmente de boca, esôfago, fígado e cólon.

Além disso, o álcool:

  • Desidrata e aumenta risco de arritmias.
  • Descompensa quadros hepáticos e metabólicos.
  • Eleva risco de acidentes e traumas, inclusive domésticos.

Moderação é palavra-chave — e alternar com água não é frescura, é fisiologia.

2. Exageros alimentares e o impacto imediato na saúde

A combinação de comidas gordurosas, excesso de sal, sobremesas ricas em açúcar e repetição das refeições ao longo de vários dias gera um “coquetel metabólico” perigoso.

Os efeitos mais comuns que vemos nos pronto-atendimentos nessa época:

  • Crises de hipertensão.
  • Pancreatite aguda por gordura + álcool.
  • Descompensação de diabetes.
  • Azia, refluxo e desconfortos digestivos severos.

Um prato equilibrado não estraga a festa — e pode evitar um réveillon no hospital.

3. Privação de sono: um inimigo silencioso

O corpo humano tem ritmos biológicos que não entendem feriado. Dormir pouco — especialmente vários dias seguidos — aumenta cortisol, piora imunidade, altera humor e mexe com o apetite.

Para quem já tem tratamento médico em curso (incluindo oncológicos), dormir mal atrapalha:

  • resposta imunológica,
  • cicatrização,
  • tolerância a medicamentos,
  • controle de dor.
  • O sono não é luxo: é tratamento.

4. Infecções respiratórias: o “boom” de dezembro a janeiro

Com aglomerações, viagens e ambientes fechados, vírus respiratórios crescem rapidamente nessa época. Pacientes imunossuprimidos — inclusive oncológicos — têm risco maior de complicações.

Medidas básicas ajudam:

  • Ventilar ambientes.
  • Evitar compartilhar copos/objetos.
  • Usar máscara em caso de sintomas.
  • Manter vacinação atualizada (COVID, influenza, pneumocócica, quando indicada).

5. Exposição solar: dezembro é o mês do melanoma

Final de ano costuma ser sinônimo de praia e piscina. A radiação UV está em pico no verão brasileiro, e queimaduras mesmo leves aumentam risco de melanoma e câncer de pele não melanoma.

Regras essenciais:

  • Filtro solar FPS 50, reaplicado a cada 2 horas.
  • Evitar sol das 10h às 16h.
  • Óculos, chapéu, roupa com proteção UV.

O bronze passa. O dano celular fica.

6. Saúde mental: o fator invisível que mais adoece em dezembro

Fim de ano intensifica emoções: cobrança, comparação, luto, sensação de fracasso ou pressão por produtividade.

Isso aumenta:

  • ansiedade,
  • depressão,
  • compulsões,
  • consumo de álcool e comida como escape.

Cuidar da saúde mental também é prevenção.

Festas de fim de ano são celebrações importantes — mas não precisam significar abandono da própria saúde. Prevenir, equilibrar e moderar não tiram a magia da data: ao contrário, garantem que você chegue ao Ano Novo bem, inteiro e com energia para viver o que vem pela frente.
Como médicos, repetimos todos os anos a mesma frase que parece simples, mas é profundamente verdadeira: saúde não entra de férias — nem em dezembro.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).