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“Sabotagem”, por Marco Tanoeiro

Reza a lenda que trabalhadores franceses e ingleses em disputas com seus empregadores costumavam jogar seus sapatos de madeira (“sabots”) nas máquinas para quebrá-las. Daí teria surgido a palavra sabotagem. Mas essa versão não condiz com a etimologia do termo. Conforme dito, é lenda.

Já não podemos chamar de lenda, desde o início da pandemia por Covid-19 no Brasil, o conjunto de ações e declarações fomentadas pelo Governo Federal com o claro intuito de desinformar, ludibriar e confundir a população brasileira acerca da gravidade, dos riscos, do tratamento e do futuro da doença. Isso é sabotagem!

Primeiro, foi dito que a pandemia estava “superdimensionada”. Depois, criou-se a ideia de que na Europa seria pior que aqui. Mais adiante, em rede nacional, tivemos a afirmação de que a Covid-19 não passava de uma “gripezinha”. A lista é extensa. O sabotador-mor da República é criativo no exercício dessa sua função.

Mas esse poço chamado Brasil parece não ter fundo. Após seis meses de pandemia, somos o segundo país no mundo em números da doença. Enquanto não existir uma vacina eficaz e acessível, impossível dizer quando esse quadro será modificado.

Pois é justamente em relação à vacina contra a Covid-19 que surge o mais novo ataque dos sabotadores da opinião pública. Matéria publicada na página oficial do Jornal da Universidade de São Paulo  (www.jornal.usp.br) alerta para a existência e o avanço de campanhas de desinformação sobre a vacina contra a doença no Brasil. 

Segundo o estudo produzido pela União Pró-Vacina (UPVacina), um conjunto de instituições ligadas à USP Ribeirão Preto, “grupos antivacina” estão fazendo uso das redes sociais para disseminar notícias falsas e gerar desconfiança quanto às futuras campanhas de vacinação.

Atentem para o detalhe: “Grupos Antivacina”!  Isso seria inacreditável se não estivéssemos falando do Brasil do ano 2020. Em que buraco dos primórdios da humanidade ancoramos a nossa nau civilizatória? Nossas atitudes por vezes fariam cair os pelos do mais tosco Australopithecus.

O estudo da União Pró-Vacina identificou um aumento de 383% em postagens com conteúdo falso ou distorcido envolvendo a vacina contra a covid-19. Isso significa que a desinformação quase quintuplicou apenas nos últimos dois meses, com a edição de 155 postagens inverídicas.

Apenas no Facebook, a quantidade de informações falsas ligadas à área da saúde é quatro vezes maior que aquelas confiáveis,  provenientes das grandes instituições da área, entre elas a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O negacionismo difundido pelo Governo Federal em relação à pandemia gera esse tipo de comportamento social. Se parte da população, seguindo o seu líder, não acredita sequer na existência ou na gravidade da doença, como exigir que tenham um olhar científico para a vacina? Acompanhamos então o surgimento de uma legião de sabotadores sociais. Sorte nossa os sapatos de madeira não estarem mais na moda.

(Esse texto não representa, necessariamente, a opinião do site HojeDiário.com)