Os hospitais de São Paulo tiveram uma alta recente de casos de gripe associada a conjuntivite em crianças. O adenovírus pertence a um grupo de vírus que causa doenças respiratórias, como resfriados comuns, bronquite, pneumonia e até problemas intestinais. Os principais sintomas que os pacientes têm apresentado são sinais de resfriado e secreção nos olhos, como conjuntivite, que podem durar 14 dias.
Os hospitais da Rede D’Or São Luiz relataram um aumento em casos desse tipo em crianças, nos últimos seis meses. A unidade Anália Franco registrou diversos quadros em crianças entre 2 a 6 anos, por dois meses, ao mesmo tempo em que casos de influenza (gripe comum) em crianças acima dos 8 anos também cresceu.
Segundo Thiago Gara Caeatano, coordenador da Pediatria do Hospital São Luiz, 50% dos atendimentos no pronto-socorro relacionados a síndromes gripais estavam relacionados com o adenovírus nos últimos dois meses. Apesar de terem caído recentemente, os casos de influenza começaram a subir e devem permanecer em alta nas próximas duas a três semanas.
Apesar da alta de infecções, isso não resultou em crescimento de internações. A influenza gera sintomas em um período de 24 a 48 anos, como febre alta e outros sintomas respiratórios. Já o adenovírus ataca o sistema respiratório e o gastrointestinal, além de produzir secreção que sai pelos olhos, gerando uma reação inflamatória.
O presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, explica que clima não é um dos fatores determinantes para a os altos número de infecções por adenovírus. Segundo Kfouri, surtos de influenza e vírus sincicial foram registrados fora de época e com o adenovírus não seria diferente.
O Hospital Infantil Sabará informou ao jornal Estadão que, em setembro deste ano, foram realizados 174 exames, dos quais 44 deram positivo para o adenovírus, a maioria foram detectados em crianças de 1 a 5 anos. Em 2021, no mesmo período, foram feitos apenas 49 exames e somente 2 deram positivo. De acordo com Daniella Bomfim, diretora técnica e infectologista pediátrica da unidade, disse que o vírus tem protagonismo em crianças pré-escolares e também em menores de dois anos.
O hospital também disse que as infecções por adenovírus geralmente são leves, mas dependendo da criança os sintomas podem ser diferentes. As infecções respiratórias podem se desenvolver de 2 a 14 dias após a exposição e infecções do trato intestinal podem se desenvolver entre 3 e 10 dias após a exposição.
Conjuntivite
A Márcia Keiko Uyeno Tabuse, presidente do Departamento de Oftalmologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), disse que a conjuntivite associada ao adenovírus é eliminada pelo sistema imunológico num período entre 7 a 10 dias. Ela ainda associa o crescimento de casos ao frio e às mudanças de temperatura repentinas.
Márcia ainda destaca que a conjuntivite é mais comum nas crianças que brincam juntas, compartilham brinquedos e colocam as mãos nos olhos sem lavá-las antes.
Tratamento
O recomendado, caso a criança comece a apresentar esses sintomas é que seja levado no médico, mas o tratamento deve ser apenas sintomático, com a administração de anti-inflamatório em caso de dor de garganta, e antitérmicos, se houver febre. Os médicos também recomendam a utilização de soro fisiológico nos olhos e narinas para aliviar os sintomas. Em casos de falta de ar ou febre, é necessário buscar atendimento de urgência.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disse que os últimos 30 dias de atendimento registraram um aumento devido à sazonalidade em cerca de 20% nos atendimentos no Pronto-Socorro. Em todo o estado, entre 22 de julho e 20 de setembro de 2022, foram notificados 1.256 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em crianças de 5 a 11 anos, 85,4% a menos que no mesmo período do ano passado.
Também afirmou que em caso de apresentar os sintomas de gripe, febre, tosse, coriza, dor de garganta e chiado no peito, os hospitais de referências estaduais para atendimento pediátrico são os hospitais Darcy Vargas e Cândido Fontoura.
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