Nesta sexta-feira (09), é celebrado o Dia Internacional contra a Corrupção. A ação visa conscientizar sobre a prevenção da corrupção, mobilizando recursos para o combate.
Além disso, a data também alerta sobre a importância da “Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção”, que foi assinada por diversos países, no dia 9 de dezembro de 2003 e entrou em vigor no dia 14 de dezembro de 2005 e tem como ideia central fortalecer a cooperação internacional para ampliar a prevenção e o combate à corrupção no mundo todo.
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O que um especialista tem a dizer sobre?
Em entrevista para o portal HojeDiário.com, a doutoranda em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), Daniela Constanzo, explica que a data é importante, mas, ao contrário do que pensam, as discussões públicas sobre o tema não são para conscientizar um cidadão a não ser corrupto, mas, sim, para trazer estrutura para o combate da corrupção no sistema que o comanda.
“Eu gosto de pensar que a cadeia da corrupção começa pelo topo e não por baixo. A sociedade carrega muito a ideia de que a corrupção está presente nas pessoas, nas pequenas ações, então, quando chega no governo, a “grande corrupção” acaba sendo tratada como se fosse algo de caráter. Na verdade, essa é uma forma de funcionamento de alguns ambientes, tanto públicos quanto privados”, afirma.
A pesquisadora cita o texto “Jeitinho e jeitão” do sociólogo Francisco de Oliveira como forma de explicação. Segunda ela, a obra traz um pensamento de que o conhecido “jeitinho brasileiro” – que é a forma de agir que não está dentro das regras ou atua por meio de regras informais – vem de um “jeitão” imposto pelos mais ricos e pessoas que têm poder. Então, esse “jeitão” impõe um certo modo de funcionamento para a sociedade, que acaba tendo que seguir e agir com o “jeitinho” para sobreviver ao sistema.
Constanzo aponta que para eliminar a corrupção seria necessário mudar a forma de funcionamento do Estado Brasileiro. Segundo ela, todos os grandes casos de corrupção que revisita são relacionados à necessidade do presidente de governar.
“Para o presidente governar, ele deve formar uma aliança no Congresso e, para formar essa aliança, é preciso distribuir cargos em diversos órgãos do Governo, porque os parlamentares e partidos, principalmente os que não disputam ou não são muito fortes na eleição presidencial, mas que são muito fortes no Congresso – em especial aqueles chamados de ‘centrão’, têm interesse em conseguir cargos para fazer uma troca de interesses, ganhando dinheiro por meio de contratos públicos para usar a corrupção e se manter no poder”, explica.
De acordo com Daniela, indícios apontam que muitos partidos do centrão conseguem que um candidato seja eleito por meio de ações ilegais e, uma delas, é mandar uma quantia em dinheiro para o colégio eleitoral que o partido mais recebe votos e, com isso, garantir que os eleitores votem nele.
“Pesquisadores apontam que isso aconteceu muito com o Orçamento Secreto, já que os partidos podem destinar um dinheiro para o seu colégio eleitoral – esse dinheiro também pode voltar em partes para você, em forma de propina, não só para enriquecimento próprio, mas também para manter o próprio partido, como caixa dois – e, com isso, eles conseguem ser eleitos e ter uma quantia significativa de votos nos colégios eleitorais que interessam para eles. Os votos, claro, vêm de ações que os partidos realizam, como envio de recursos para a população de certas áreas do país. Então, como eles sempre estão no poder, eles sempre têm dinheiro e sempre contam com os recursos”, diz.
A doutoranda salienta que toda essa ação vira um ciclo que alimenta a engrenagem da corrupção. Já que o presidente, quando é eleito, precisa escolher uma base para aliança e essa base se dá por “chantagem” de alguns partidos em troca de apoio.
“A corrupção não é moral, não está nas pessoas. Ela está no sistema, em como ele funciona. Existem pessoas que praticam a corrupção, mas elas são corruptas porque estão dentro de um sistema que funciona dessa maneira”, conclui.
(por Eduarda Hutter, Estagiária em Jornalismo, sob supervisão do editor)
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