O senador Marcos do Val (Podemos) disse, na noite desta quarta-feira (1º), que o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado federal Daniel Silveira o coagiram para dar um golpe de estado e fazer com que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, fosse preso.
“Eu ficava p*to quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei”, disse o senador em live realizada no Instagram.
Segundo contou para a GloboNews, Val participou de uma reunião após eleições de outubro de 2022, com o então deputado Daniel Silveira (PTB) e com Bolsonaro, onde foi sugerido por Silveira que do Val utilizasse uma escuta numa audiência com o ministro Alexandre de Moraes.
O senador deveria conduzir a conversa e dizer que Moraes estaria ultrapassando as linhas da Constituição, impedindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de assumir o poder e prenderiam Alexandre.
A proposta golpista ainda envolvia não desmobilizar os acampamentos golpistas, que serviram como base para os ataques em Brasília, em 08 de janeiro.
Do Val disse que Bolsonaro concordou com a proposta de Silveira, e disse que pensaria na proposta. Logo em seguida, o senador contou tudo para o ministro Alexandre de Moraes, que se disse surpreso e chamou a proposta de “absurdo”.
Após as declarações do senador, o jornal Folha de São Paulo disse que a Polícia Federal irá intimar o Marcos do Val a depor na investigação para apurar os ataques golpistas em 08 de janeiro.
Saída da política
Marcos do Val também disse que renunciaria ao seu mandato no Senado Federal e se afastaria em definitivo da política, mas voltou atrás, dizendo que decisão ainda não estava tomada. Na noite de quarta-feira, ele escreveu nas redes sociais que deixaria a vida pública. “Após quatro anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta, comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política”, disse em suas redes sociais.
Segundo o senador, ele perdeu a paixão pela política e se afastou da sua família e que as ofensas que sofre tem afetado todos ao seu redor. “Perdi a convivência com a minha família em especial com minha filha. Não adianta ser transparente, honesto e lutar por um Brasil melhor, sem os ataques e as ofensas que seguem da mesma forma. Nada existe de grandioso sem paixão. Essa paixão não estou tendo mais em mim. As ofensas que tenho vivenciado, estão sendo muito pesado para a minha família. Que Deus conforte os corações de todos os meus eleitores. Desculpem, mas meu tempo, a minha saúde até a minha paciência já não estão mais em mim! Por mais que doa, o adeus é a melhor solução para acalmar o meu coração”.
Nesta quinta-feira (02), porém, ele disse que ainda não tomou a decisão, após receber uma série de ligações e mensagens de apoio de políticos como Rodrigo Pacheco, Sérgio Moro, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, entre outros. Ele também chamou a mensagem da noite anterior de “desabafo”.
Do Val é militar do Exército e atuou por muitos anos como instrutor de agentes de segurança, inclusive nos Estados Unidos. Também ganhou repercussão nacional após ser um dos principais defensores da gestão de Bolsonaro durante a CPI da Covid-19 em 2021.
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