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“Era uma vez”, por Luci Bonini

Um país muito, muito distante…
Que tinha como centro de tudo uma grande praça rodeada de um castelo, algumas belas casas que rodeavam o castelo e casas pequenas e pobres que se amontoavam ao redor da praça…

Tudo acontecia na praça: a feira, os discursos do rei, os casamentos, os jogos, os desfiles militares, as peças de teatro e era também onde os músicos e os palhaços se apresentavam.

Tudo acontecia na praça, uma vez que bastava abrir uma janela, já se via o que acontecia de importante, político, engraçado… enfim, era a praça o centro de tudo.

Assim, era na praça também que o rei comunicava suas decisões ao povo: um homem vestido com trajes com as mesmas cores da realeza, tocava uma corneta toda enfeitada e lia as notícias do dia, ou da semana, ou do mês… isso dependia muito do que estava acontecendo naquele reino.

Esse reino específico, cuja história vem aqui relatada, era um desses típicos reinos em que tudo acontecia na praça. Para a alegria de seu povo, o Rei disponibilizava eventos ao longo do dia para entreter todos os moradores, afinal, uns iam para o trabalho, mas muitos ficavam por ali nas redondezas.

Bastava acessar a janela, desculpe, abrir a janela e assistir ao espetáculo. Assim a todo momento, era uma mulher que passava e pegava um trecho de uma notícia dada pelo rei, outras pessoas que em grupo paravam para ver alguém fazendo palhaçadas, ou cantando, ou ainda, qualquer coisa que pudesse enganar, opa… desculpe, distrair aquelas pessoas que viviam com as migalhas daquilo que produziam, pois tinham que pagar pesados impostos ao rei, pelo seu trabalho.

Assim foram décadas naquele reino, as pessoas acreditavam que o mundo era aquilo, que as notícias dadas por aqueles homens do rei eram verdadeiras e assim todos foram vivendo. Abrindo a janelas de suas casas, assistindo ao que ocorria na praça, já que todos os dias diversas ações aconteciam entre trágicas e engraçadas.

Trágicas, sim, esqueci de falar, na praça também eram enforcados os traidores da pátria, digo do reino….

Um dia, um homem, chegando no reino, viu tudo aquilo. Ele ficou estarrecido do que via dia após dia… Ele havia saído há muitos e muitos anos daquele lugar, mas quando voltou as pessoas não eram mais as mesmas. Elas apenas acreditavam no que passava na praça. Assistiam a tudo, acreditando que tudo aquilo era verdade…

Histórias de guerras entre outros reinos eram contadas de maneiras completamente diferentes do que realmente aconteceram, percebeu esse homem vindo de longe. Ele também percebeu que num dos espetáculos de enforcamento, o sujeito era um homem bom, que tentava avisar os seus pares de que tudo aquilo era uma mentira…

Dessa forma, o velho homem, percebendo tudo isso, pensou… pensou, virou as costas e foi-se…

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)