Nos últimos anos, temos observado um fenômeno que chama a atenção não só de economistas, mas também de qualquer cidadão preocupado com a saúde financeira da nossa sociedade: o crescimento avassalador das apostas online, popularmente conhecidas como “bets”. Este fenômeno, que vem ganhando força principalmente entre os jovens, está começando a moldar o comportamento de consumo e de finanças pessoais de uma forma preocupante.
Recentemente, lendo uma matéria em um grande jornal, evidenciou um cenário que muitos de nós, profissionais da contabilidade, já começávamos a identificar nos extratos bancários e nas planilhas de nossos clientes. A aposta, que inicialmente era vista como uma forma de entretenimento ou um meio rápido de ganhar dinheiro, está se tornando uma prioridade para muitos, ao ponto de comprometer gastos essenciais, como alimentação e cuidados básicos.
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A questão aqui não é apenas financeira, mas também comportamental. O vício em apostas é comparável ao vício em drogas, tabaco ou álcool, em termos de impacto na vida das pessoas. Ao reprogramar o cérebro para a excitação do ganho fácil, muitos apostadores acabam negligenciando o planejamento financeiro e, pior ainda, comprometendo sua saúde financeira em prol de uma promessa de enriquecimento rápido que, na maioria das vezes, não se realiza.
O que mais preocupa é a faixa etária atingida por essa nova forma de dependência. Jovens entre 18 e 24 anos estão à frente do perfil de usuários de plataformas de apostas, conforme os dados apresentados. Estes são anos cruciais para o desenvolvimento de hábitos financeiros saudáveis e o planejamento de uma carreira e vida sólida. Contudo, ao trocar o investimento em educação e bem-estar por apostas, estamos criando uma geração com bases financeiras frágeis.
Como CEO da Contabyte e mentor de empresários, meu papel é orientar meus clientes não só em como organizar suas finanças, mas também em como reconhecer e evitar comportamentos financeiros prejudiciais. E aqui vai meu alerta: as apostas não são um caminho sustentável para a riqueza. Pelo contrário, elas são uma armadilha que pode destruir sonhos e planos de vida.
Aos empresários, recomendo atenção redobrada ao observar este comportamento em seus funcionários e clientes. Um colaborador endividado e envolvido em apostas pode, sem perceber, comprometer a saúde financeira da empresa, seja através de pedidos frequentes de adiantamento, falta de foco, ou até mesmo comportamentos antiéticos para cobrir suas perdas.
E não só isso, este comportamento é uma bandeira vermelha que pode refletir na fidelidade e na relação do cliente com a empresa. Já para os pais, fica a recomendação de educar seus filhos sobre o verdadeiro valor do dinheiro e os perigos do ganho fácil e rápido, que na maioria das vezes leva a perdas devastadoras.
Enfim, vivemos em tempos onde a educação financeira precisa ser priorizada mais do que nunca. O entretenimento não pode ser confundido com um atalho para o sucesso. Vamos usar nosso conhecimento e experiência para ajudar essa geração a se afastar das armadilhas dos bets e a construir uma vida financeira saudável e sustentável.
Robinson Guedes é Especialista em Finanças Públicas, Contador, Mentor de Empresários, Professor Universitário e Influencer.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojDiario.com).