O mês de outubro é marcado por diversas ações de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama, em uma campanha globalmente conhecida como ‘Outubro Rosa’.
Anarita Moura, enfermeira, moradora de Suzano e diagnosticada com câncer de mama em 2022, é uma dessas mulheres que fazem deste mês um momento de reflexão e engajamento.
Ela hoje utiliza sua própria história para incentivar outras mulheres a se autoexaminarem.
“Eu sempre fiz os exames de rotina, e foi em uma dessas vezes que o médico viu um nódulo suspeito na mama. Fiz todos os processos: punção, biópsia, mamografia, entre outros. Mas, infelizmente, tudo demora, os resultados demoram. Nesse período, tudo foi muito tenso, é o maior desafio que eu enfrentei. Nada é fácil, e o Outubro Rosa é válido para conscientizar as mulheres, mas não tem nada de romântico sobre ele”, comenta Ana.
Vale destacar que a mamografia continua sendo o método mais eficaz para a detecção precoce do câncer de mama.
“O câncer de mama é perigoso. Mesmo eu realizando todos os exames anualmente, ele me pegou de surpresa. Imagina se eu não realizasse a mamografia, por exemplo? Esses são exames de fácil acesso, e quanto mais cedo você descobrir o câncer, melhor!”, indaga a enfermeira.
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Anarita, que atualmente está em remissão, explica sobre o pós-operatório e o tratamento.
“Eu fiz a cirurgia e tirei um quadrante da mama e parte da axila (o esvaziamento). Fiquei com várias sequelas do tratamento de quimioterapia e radioterapia, como neuropatia, distúrbio intestinal, dores em todo o corpo e problemas de memória. Sei que o corpo não volta a ser o mesmo após o tratamento, mas faz parte do cuidado com a nossa saúde”, explica.
Em 2024, o “Outubro Rosa” ganhou ainda mais força em todo o Brasil, com o apoio de diversas entidades de saúde, entre elas o Instituto Nacional de Câncer (INCA), que alerta para o aumento das taxas de incidência da doença.
Segundo o INCA, a previsão para 2025 é de 73.610 novos casos de câncer de mama em todo o país. A instituição ainda informa que o câncer de mama ocupa a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil.
Isso destaca ainda mais a necessidade de um maior engajamento nas campanhas de prevenção e no incentivo ao autoexame para mulheres e homens, que representam 1% dos casos.
O que os médicos dizem?
O médico oncologista Jorge Abissamra Filho destaca a importância do diagnóstico precoce. “O diagnóstico precoce aumenta substancialmente as chances de cura de qualquer doença oncológica. No câncer de mama, não é diferente. Essas taxas podem chegar próximas a 99% de cura em estágios bem iniciais”, explica.
Segundo o médico, podem haver diversos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama.
“Os fatores genéticos herdados dos nossos familiares, a exposição à reposição hormonal mal utilizada após a menopausa, a idade e os fatores comportamentais durante a vida são os principais fatores de risco. Uma vida mais saudável em todos os sentidos, o acompanhamento médico adequado e, em alguns casos específicos, o mapeamento genético são pontos importantes para prevenir a doença”, informou Abissamra.
Para o cirurgião oncológico Ricardo Motta, a tecnologia evoluiu muito nos últimos anos para que o tumor seja detectado em estágios iniciais.
“As inovações na medicina, como a terapia-alvo, a imunoterapia e o uso de exames genômicos para personalizar o tratamento, estão revolucionando o tratamento do câncer de mama. Essas tecnologias permitem identificar as características específicas de cada tumor e escolher tratamentos mais precisos, o que pode aumentar as chances de cura e reduzir os efeitos colaterais. Além disso, avanços em radioterapia e técnicas cirúrgicas menos invasivas têm melhorado a qualidade de vida das pacientes”, disse o especialista.
“Embora o autoexame não substitua os exames clínicos, ele pode ajudar as mulheres a conhecerem melhor o próprio corpo e identificar qualquer alteração suspeita entre os exames de rotina. Em relação à mamografia, as diretrizes variam, mas, em geral, recomenda-se que as mulheres comecem a fazer mamografias anuais ou bienais a partir dos 40 ou 50 anos, dependendo de fatores de risco pessoais. Mulheres com histórico familiar ou outras condições de risco elevado podem precisar começar mais cedo, sob orientação médica”, complementa o doutor.
Para finalizar, Anarita deixa um recado para todas as mulheres.
“Eu perdi uma sobrinha de 32 anos para o câncer de mama na última semana. O câncer não escolhe idade, classe social, raça nem nada! Ele simplesmente aparece, e temos que nos munir com as armas ao nosso alcance! Os exames são necessários, até mesmo os de rastreio para aquelas que nunca apresentaram nenhuma alteração, e o tratamento é a única opção que nós temos!”, finalizou.