Você já ouviu falar em Março Lilás? Esse é o mês dedicado à conscientização e prevenção do câncer do colo do útero, uma campanha importante assim como o Outubro Rosa (que foca no câncer de mama). A ideia do Março Lilás é chamar atenção para esse tipo de câncer que afeta milhares de mulheres, mas que pode ser prevenido e detectado cedo com os cuidados certos. Vamos entender por que esse tema é tão importante e como nós, jovens, podemos ajudar a mudar essa realidade.
O que é o Março Lilás?
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Março Lilás é uma campanha de saúde pública no Brasil que busca informar e engajar a população sobre a prevenção do câncer de colo do útero. Durante todo o mês de março, ocorrem ações educativas, mutirões de exames e divulgação de informações nas redes sociais e unidades de saúde. A cor lilás simboliza a luta contra esse câncer, seguindo a ideia de outras campanhas como o Outubro Rosa. Assim como o Outubro Rosa virou sinônimo de prevenção do câncer de mama, o Março Lilás surgiu para fortalecer as ações de controle do câncer do colo do útero , levando informação acessível e motivando mulheres a cuidarem da sua saúde. É um lembrete anual de que prevenir é sempre melhor do que remediar.
Por que o câncer do colo do útero é um problema de saúde pública?
O câncer do colo do útero (também chamado de câncer cervical) é considerado um problema sério de saúde pública porque ainda causa muitos casos e mortes, apesar de ser amplamente prevenível. No Brasil, é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama e do colorretal . A cada ano, surgem por volta de 17 mil novos casos dessa doença no país, e ela provoca cerca de 6,5 mil mortes anuais . Isso significa que, em média, quase 18 mulheres recebem esse diagnóstico por dia, e cerca de 18 mulheres morrem por dia em decorrência dele, o que é alarmante. Não é à toa que os especialistas o classificam como a quarta causa de morte por câncer em mulheres no Brasil .
No mundo todo, a situação também merece atenção. Em 2020, por exemplo, mais de 500 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de colo de útero e cerca de 342 mil morreram em decorrência da doença . A carga desse câncer é maior em países em desenvolvimento e em regiões com menos acesso a serviços de saúde. Aqui no Brasil, regiões como o Norte e Nordeste apresentam taxas mais altas de incidência e mortalidade em comparação com o Sul e Sudeste, refletindo desigualdades no acesso à prevenção e tratamento . Ou seja, mulheres em situação de vulnerabilidade social acabam sendo as mais afetadas, o que torna a conscientização ainda mais necessária.
Outra razão para esse câncer ser um desafio de saúde pública é que ele se desenvolve de forma silenciosa e lenta. No início, geralmente não há sintomas; quando aparecem sinais como sangramento fora do período menstrual ou dor, a doença já pode estar em estágio mais avançado. Por isso, muitas mulheres só descobrem tardiamente. Juntando esse fator à falta de informação e até tabu em torno dos exames ginecológicos, temos um cenário onde muitas deixam de se prevenir ou demoram para buscar ajuda. O resultado é que um câncer que poderia ser evitado ou tratado no começo acaba evoluindo e colocando vidas em risco. Daí a importância de campanhas como o Março Lilás, para difundir conhecimento e quebrar essas barreiras.
Mas afinal, o que causa o câncer do colo do útero? Praticamente todos os casos dessa doença são causados por um vírus bem comum: o HPV (Papilomavírus Humano). Esse vírus é sexualmente transmissível e existem muitos tipos diferentes dele – alguns causam apenas verrugas e outros podem levar ao câncer. Estima-se que entre 70% e 80% da população terá contato com o HPV em algum momento da vida , de tão comum que ele é. A boa notícia é que nem todo mundo que pega HPV vai desenvolver câncer – na maioria das vezes o próprio corpo elimina o vírus. Entretanto, se a infecção por certos tipos de HPV persiste por vários anos, ela pode causar alterações nas células do colo do útero que, se não tratadas, podem evoluir para um câncer.
A melhor forma de prevenir esse câncer é atacando a causa, ou seja, prevenindo a infecção pelo HPV. E para isso a ciência nos deu uma arma poderosa: a vacina contra o HPV. Essa vacina protege contra os principais tipos de HPV que causam o câncer (incluindo os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero ). No Brasil, o SUS oferece gratuitamente a vacina HPV para todas as meninas e meninos de 9 a 14 anos , antes do início da vida sexual. São duas doses (agora em dose única, segundo novas diretrizes) aplicadas com um intervalo, e quanto mais cedo a imunização, melhor a proteção. Vacinar antes da exposição ao vírus é fundamental para garantir que o organismo produza anticorpos e já esteja preparado quando a pessoa começar a ter relacionamentos íntimos.
Muita gente pode pensar: “Ah, mas eu uso camisinha, então não preciso me preocupar tanto com HPV.” Não é bem assim. O uso de preservativos (camisinha) certamente reduz o risco de transmissão do HPV, mas não elimina completamente a chance de infecção . Isso porque o vírus pode estar em áreas da pele que a camisinha não cobre (como vulva, bolsa escrotal, região pubiana) . Então, a vacina é a forma mais eficaz de prevenção – ela funciona como um escudo que impede o vírus de causar danos. E vale lembrar: a vacina é segura e eficaz, com milhões de doses já aplicadas no mundo todo. Apesar de algumas fake news que circulam, não há evidências de que ela cause efeitos graves; pelo contrário, ela protege a saúde para o futuro. Tanto é que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda essa vacina e vários países, incluindo o Brasil, a incorporaram nos programas nacionais.
Graças à vacinação, espera-se que nas próximas décadas os casos de câncer de colo do útero caiam drasticamente. Especialistas do INCA e da OMS apontam que é possível, no futuro, até eliminar esse tipo de câncer se houver alta cobertura de vacinação e rastreamento adequado . Imagina só: nossas gerações mais jovens podem ver esse câncer se tornar coisa do passado, assim como já aconteceu com outras doenças preveníveis por vacina! Mas, para isso, cada um precisa fazer sua parte: se você está na faixa etária ou tem irmãos, primos, amigos de 9 a 14 anos, vale conversar sobre a vacina HPV e incentivar a ida ao posto de saúde.
Além da vacina (prevenção primária), existe a prevenção secundária, que é detectar cedo qualquer alteração antes que vire um câncer de fato. É aí que entra o exame de Papanicolau, também chamado de exame preventivo. Esse é aquele exame ginecológico em que o profissional de saúde coleta células do colo do útero para análise. Pode não ser o procedimento mais confortável do mundo, mas é rápido e salva vidas. Sério! Se houver alguma lesão inicial ou células pré-cancerosas, o Papanicolau consegue descobrir facilmente, e essas alterações são curáveis na quase totalidade dos casos . Ou seja, ele encontra o problema antes de virar um câncer invasivo, permitindo tratar com procedimentos simples (como retirar a lesão) e impedir a evolução.
O Ministério da Saúde recomenda que mulheres (especialmente aquelas que já iniciaram a vida sexual) façam o Papanicolau periodicamente. Normalmente, indica-se começar aos 25 anos e repetir a cada três anos, após dois exames anuais normais – mas isso pode variar, então é bom seguir a orientação médica. O importante é não deixar de fazer. Infelizmente, muitas mulheres ainda não fazem o preventivo regularmente, seja por dificuldade de acesso ao serviço de saúde, por não saberem da importância ou por vergonha. Precisamos mudar isso! Não há motivo para ter vergonha: os profissionais de saúde estão acostumados e o exame é super-rápido. Pense que são 5 minutos que podem evitar um tratamento muito mais complicado lá na frente
Quando se fala em câncer, tempo é fundamental. Detectar o câncer do colo do útero logo no início aumenta enormemente as chances de cura. Para você ter uma ideia, estudos mostram que a taxa de sobrevivência em cinco anos passa de 90% quando o tumor é descoberto no estágio inicial, mas despenca para algo em torno de 10% se for descoberto em estágio muito avançado . Isso quer dizer que um diagnóstico precoce pode literalmente separar a vida da morte. Se o câncer é encontrado bem no comecinho, muitas vezes é possível tratar com cirurgias menos agressivas, preservando até a fertilidade da mulher em alguns casos. Já nos estágios avançados, o tratamento costuma ser mais intenso – combina radioterapia, quimioterapia, cirurgias extensas – e as chances de sucesso são bem menores.
Por isso, fique atenta, mesmo você, jovem, pode ajudar nessa corrente. Como? Espalhando a informação. Converse com as mulheres da sua família – mãe, tias, avó, irmãs mais velhas – e certifique-se de que elas estão fazendo seus exames preventivos. Se você for menina e já tiver idade para isso, não deixe de se cuidar também. Lembre que cuidar da saúde é um ato de amor-próprio. E se bater aquele medo ou nervosismo antes de um exame, lembre-se do propósito maior: garantir seu bem-estar.
Também é legal destacar que o diagnóstico precoce não só salva vidas, mas poupa sofrimentos e sequelas. Um câncer avançado pode trazer consequências sérias, demandar tratamentos prolongados e impactar a qualidade de vida. Em contraste, quando você trata uma lesão inicial (muitas vezes nem chega a ser “câncer” ainda, é uma alteração pré-cancerosa), o procedimento é simples e a recuperação, tranquila. Então faz toda a diferença enfrentar um pequeno incômodo agora (vacinar-se, fazer o exame) do que enfrentar um problemão no futuro.
O Março Lilás nos lembra que informação é poder. Quanto mais gente souber que o câncer do colo do útero pode ser evitado e detectado precocemente, mais vidas poderão ser salvas. E nós, jovens, temos um papel super importante nisso. Somos a geração que domina as redes sociais, que troca informações num clique – podemos usar isso a favor da saúde. Que tal compartilhar posts sobre a campanha, dados importantes ou dicas de prevenção? Muitas vezes, uma única postagem sua pode chegar àquela amiga ou seguidora que precisava desse empurrãozinho para marcar o exame ou levar a filha para vacinar.
Lembre-se: câncer não é “assunto de gente velha”. No caso do HPV, a prevenção começa na adolescência, e a conscientização começa com a gente, desde cedo. Participar do Março Lilás é mais do que usar uma fitinha lilás – é conversar abertamente sobre saúde sexual, sobre cuidados preventivos e sobre derrubar tabus. É mostrar que falar sobre isso não precisa ser um bicho de sete cabeças. Podemos, sim, ter um papo sério de um jeito leve e direto, do jeito que a galera jovem entende.
E por falar em papo direto, vamos reforçar os pontos-chave desta campanha, que também são dicas para levar para a vida:
• Vacine-se contra o HPV: se você está na faixa de 9 a 14 anos (ou tem filhos/irmãos nessa idade), procure a vacina no posto de saúde. Ela é gratuita e pode prevenir cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero  – além de proteger contra outros tipos de câncer e verrugas causadas pelo HPV.
• Use camisinha: apesar de não proteger 100% contra HPV, o preservativo reduz o risco de várias ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) e também previne a gravidez indesejada. É um aliado importante da saúde sexual responsável.
• Faça o exame preventivo (Papanicolau): se você já tem indicação para fazer o exame, não adie. É rápido, pode ser um pouco incômodo, mas vale muito a pena. Ele consegue pegar alterações iniciais que são 100% tratáveis na maioria das vezes .
• Fique de olho nos sintomas: embora o ideal seja não esperar sintomas (e sim se prevenir com vacina e exame), é bom saber quais são os sinais de alerta. Sangramentos fora do período menstrual, dores durante a relação sexual ou corrimentos estranhos devem ser investigados. Não fique com dúvida ou vergonha de buscar um médico.
• Espalhe informação: muitas pessoas ainda acreditam em mitos ou desconhecem essas medidas de prevenção. Então seja você um agente da conscientização. Valem posts nas redes, valem conversas na roda de amigos, valem trabalhos escolares sobre o tema. Conhecimento salva vidas!
O Março Lilás é um convite para quebrarmos o silêncio sobre o câncer do colo do útero e para agirmos de forma preventiva. Com a combinação de vacinação, exames regulares e educação, esse é um inimigo que podemos vencer. Lembre-se de que, embora seja um problema de saúde pública sério, nós temos as ferramentas para reduzir drasticamente a incidência e a mortalidade dessa doença. Cada vacina aplicada, cada exame realizado e cada conversa franca sobre o assunto é um passo rumo a um futuro com menos diagnósticos tardios e mais mulheres saudáveis.
Então, que tal aproveitar este mês lilás para fazer algo por você e pelas mulheres da sua vida? Informe-se, previna-se e divulgue. O conhecimento é contagioso – vamos fazer ele viralizar mais do que o HPV! Juntos, podemos tornar o câncer de colo do útero cada vez mais raro. Sua atitude hoje pode salvar vidas amanhã. Afinal, cuidar da saúde também é coisa de jovem, sim. Vamos nessa!
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).