Uma equipe de multiprofissionais conseguiu salvar uma bebê de 1,64 quilo, na última terça-feira (16), que nasceu com gastrosquise, na Santa Casa de Misericórdia de Mogi das Cruzes.
Trata-se de um defeito congênito em que a criança nasce com uma abertura na parede abdominal, perto do umbigo, por onde os intestinos e outros órgãos desenvolvem-se fora do corpo sem estarem cobertos por uma membrana. A doença afeta um a cada cinco mil nascidos.
O procedimento mobilizou a equipe do hospital para atuação simultânea em duas salas cirúrgicas. Em uma delas, a mãe, de 18 anos de idade, foi submetida à cesariana, com 34 semanas de gestação. Imediatamente após o nascimento, a menina foi levada para a outra sala para a correção cirúrgica, para recolocar os órgãos na cavidade abdominal.
Segundo o médico Kleber Sayeg, cirurgião pediátrico e urologista pediátrico que coordenou a equipe multiprofissional, a cesárea ocorreu no momento exato para evitar complicações à paciente e à bebê. Ao nascer, a criança foi submetida à intubação orotraqueal e anestesia para passar pela cirurgia de recolocação dos órgãos na cavidade abdominal.
Sayeg explica que a área da fenda no abdômen foi transformada em umbigo. O procedimento cirúrgico da recém-nascida levou cerca de 50 minutos.
Ao todo, foram mobilizados dois ginecologistas e obstetras, dois cirurgiões pediátricos, dois anestesistas (um deles pediátrico, com experiência em crianças com menos de 1,7 quilo), um neonatologista, duas enfermeiras especializadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e um fisioterapeuta que deu suporte à remoção da bebê para o centro cirúrgico e monitorou todo o tempo do procedimento em que a criança teve de ficar sob ventilação pulmonar, além de enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem.
De acordo com o médico, se a correção cirúrgica não ocorresse imediatamente após o parto, o risco de morte da bebê seria muito alto. Em menos de 24 horas após o procedimento, a criança já havia sido retirada da respiração artificial e não precisava mais do curare (relaxante muscular usado para impedir o desconforto causado pela acomodação dos órgãos na cavidade abdominal).
A menina recebeu alta da correção cirúrgica, mas permanecerá na UTI Neonatal da instituição até ganhar peso suficiente para poder ir para casa, considerando que nasceu prematuramente.