PUBLICIDADE

PUBLICIDADE

“Ensaios”, por Marco Tanoeiro

Uma pergunta simples para os leitores e leitoras da coluna: Qual o nome do atual Ministro da Educação do Brasil?

Alguém sabe?

Ninguém…?

Vou perguntar de outra forma.
O nome do atual Ministro da Educação do Brasil é:

a) Maradona
b) Pelé
c) Zico
d) Rivelino
e) M I L T O N  R I B E I R O

Agora ficou fácil, né?

Para aqueles que não o conhecem, algo em torno de 99,9% dos brasileiros, Milton Ribeiro tem 62 anos, é casado, pai de duas filhas e nasceu em São Vicente, no litoral de São Paulo. Tem graduação em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, graduação em Direito pelo Instituto Toledo de Ensino, mestrado em Direito Constitucional pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo. Os dados são da Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Educação.

Pois Milton Ribeiro, um dos Ministros “terrivelmente evangélicos”, segundo descrição do Presidente da República,  e considerado uma mera “alegoria” pelos próprios colegas do MEC, surpreendeu toda a rede de ensino superior federal no último dia 02 de dezembro com a edição da Portaria nº 1.030/2020, que determina o retorno das aulas presenciais nas universidades federais a partir de 04 de janeiro de 2021.

A decisão pelo retorno das aulas presenciais, tomada sem qualquer consulta aos mais de 2 milhões de interessados diretos – alunos, professores e demais servidores das universidades federais -, caiu como uma bomba no colo da sociedade. No momento em que os números da pandemia de Covid-19 apontam para uma segunda e talvez mais devastadora onda de contágio, a determinação do MEC pode ser considerada, no mínimo, irresponsável.

Pressionado pela forte resistência de entidades em defesa da educação, instituições federais de ensino e especialistas, o que fez o Ministro da Educação? Voltou atrás e decidiu revogar a Portaria nº 1.030, menos de oito horas depois de sua publicação no Diário Oficial. É isso mesmo, caro leitor, cara leitora: uma portaria do Ministério da Educação teve a fantástica duração de OITO HORAS! Esse é o ponto que merece atenção.

O Governo Federal transformou o país em um gigantesco laboratório, onde ensaios são feitos a todo momento, sobre os mais variados assuntos. Para confirmar essa minha afirmação, procure pesquisar no Google a frase “Governo Federal volta atrás…”. O resultado nos remete a uma infinidade de decisões seguidas de revogações, mandos seguidos de desmandos, ordens seguidas de contraordens…

Decisões de Governo, em qualquer que seja a esfera, devem ser tomadas após discussão do tema com os setores envolvidos e  atores competentes. Uma vez tomada, é óbvio que a decisão pode ser revogada. Afinal, na prática nem toda teoria funciona. Mas isso não pode ser a regra. Ademais, falhas existentes nas decisões de Governo devem ser identificadas, apontadas e solucionadas pelo próprio órgão de gestão. É o mínimo que se espera. Mas no Brasil, se a sociedade não grita, reclama, se rebela, nada acontece. Natural, pois, um Governo que não se prepara para tomar decisões sequer consegue perceber quando as mesmas são retumbantes equívocos.

Governos são eleitos para zelar pelo seu povo. Governantes ganham bem para isso. Dessa forma, é inaceitável que as pessoas sejam tratadas como ratos de laboratório, alvos de toda a sorte de ensaios de gestão. Mesmo entre as cobaias mais atentas, o estresse gerado pela contínua pressão é inevitável e geralmente deixa sequelas irreversíveis.

A boa notícia é que, por ora, ainda existem vozes a gritar pelo povo e incomodar os governantes. Por ora…

(Esse texto não expressa, necessariamente, a opinião do site HojeDiário.com)