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“Algo aconteceu em Suzano” por Marcelo Candido

Poucas animações são capazes de dilacerar a alma de alguém sem o uso de uma única palavra!
Pois é exatamente isso que faz o curta de animação “Se algo acontecer… Te amo”, obra em exibição na Netflix, lançada em 20 de novembro de 2020.
Minha filha sugeriu que eu assistisse sem ter informação alguma sobre o curta, e garanto que isso fez da minha experiência algo tão arrebatador. Por isso, sugiro a você que ainda não assistiu que pare de ler este artigo agora e volte depois caso queira compartilhar da mesma experiência.

A animação segue uma técnica de produção em rabisco e isso a deixa por vezes pouco definida, como se fosse uma metáfora da própria vida.
Em apenas 12 minutos a história cobre a tela exibindo sentimentos tão profundos que ficamos absortos para entender o que afinal de contas está acontecendo. Percebemos apenas que um casal se encontra mergulhado num tipo de tristeza que não sabemos se decorre de uma crise conjugal ou de algum outro acontecimento que os tenha levado a um estado de depressão, quando de repente o fato da morte da filha vem à tona.
Antes, as imagens já sugerem que por ali passam reminiscências de uma convivência familiar intensa que vai deixando marcas dentro e fora da casa, sobretudo na alma do casal. Há um vazio profundo em um fundo branco onde as personagens reais e suas sombras são projetadas, e é dentro desse vazio que os sentimentos vão preenchendo os espaços.

É provável que, ao assistir ao filme, a gente se sinta como se tivesse mergulhado naquele imenso vazio onde não pudesse alcançar algo para conter um estado de impotência. E isso é devastador!
Já quase no final é que vamos saber que a causa da morte da menina se deu em função de um tiroteio ocorrido dentro de sua escola, algo que só a presença subjetiva das sombras do casal acabaria por antever e tentar evitar. Após assistir ao filme refleti sobre tantos sentimentos ali contidos. E isso me fez entender sobre o quanto devemos nos proteger e amar antes que a vida essencialmente se acabe.
Marcelo Gleiser disse que das tantas pessoas que conhecem a dor, poucas encontram a paz! No curta, parece que ela foi finalmente encontrada. Desejo que em Suzano também!

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)