De apresentador de reality show a governador de SP, João Doria agora quer ser Presidente do Brasil. Antes de eventualmente disputar a eleição, terá de passar pelo processo de prévias do PSDB que definirá o candidato tucano ao Palácio do Planalto. No momento, não sabemos quem irá vencer essa disputa interna, porém, independentemente do resultado, o fato é que Doria não tentará a reeleição ao Governo de São Paulo, mas, se tentasse, provavelmente ficaria fora do segundo turno conforme vários institutos de pesquisas apontam.
O PSDB tem governadores em São Paulo desde 1995 quando Mário Covas tomou posse. Porém, após 28 anos no poder, os chamados tucanos poderão deixar de governar caso o pré-candidato do partido, Rodrigo Garcia (ex-DEM), termine derrotado em 2022. Assim, João Doria entrará para a história como o governador que entregou a cadeira tucana que parecia cativa no Estado. Farei uma breve análise para buscar entender as razões que fazem do governador de SP uma figura tão controversa.
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Ele, sem dúvidas, tem um papel fundamental na produção da vacina CoronaVac, que acabou sendo a mais aplicada na população brasileira. Entretanto, isto não foi suficiente para colocá-lo bem posicionado como candidato a Presidente da República. Na última pesquisa IPEC (ex-Ibope) Dória aparece com escassos 3% das intenções de votos. O Governador aposta na poderosa máquina que comanda em São Paulo para alavancar a candidatura de Rodrigo Garcia, seu atual vice, ao Palácio dos Bandeirantes. Ele não poupa esforços em cooptar prefeitos, filiando alguns ao PSDB e oferecendo a muitos, polpudos recursos para investimentos, sobretudo em infraestrutura. Garcia, no entanto, amarga as últimas colocações nas pesquisas.
Parece que a máquina de fazer votos do PSDB paulista desta vez não irá funcionar. Arrisco dizer que a população até que se entretém ao saber das traições, porém, não suporta o traidor. Doria só existe como governante porque Geraldo Alckmin o fez. Na primeira oportunidade que teve, traiu Alckmin e tentou tirar deste o direito de ser candidato à presidência em 2018, além de criar o famigerado “BolsoDoria”.
Ao que tudo indica, Geraldo Alckmin voltará a disputar o governo de SP, desta vez, fora do PSDB. Se vencer, um futuro ex-tucano poderá tirar o ninho que essa espécie teve como dela ao longo de quase três décadas no Estado mais poderoso do país. A responsabilidade será atribuída a ele, João! Não o “trabalhador”, da alcunha lhe dada pelo Geraldo, mas o “traidor”, como o povo paulista passou a enxergar o agora quase ex-governador. Parodiando uma canção de “Os Originais do Samba”, entendo que “traidor passa mal rapaz, traidor passa mal…”
(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)