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“Não sou nada”, por Luci Bonini

“Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo” – Álvaro de Campos.

Começo esse texto com esse poema de um dos heterônimos do poeta português, Fernando Pessoa.

Esses dias, andando pelas ruas e pensando na vida, me lembrei desse poema. É verdade, muitas pessoas nos fazem pensar que não somos nada!  Há uma série de canais de poder que nos fazem pensar que não somos nada! A grande massa ignorada caminha sendo levada pela opinião de algumas pessoas que muitas vezes nem elas sabem para onde vão.

Líderes de todas as áreas desde a mídia, passando pelas religiões e pelos poderes estatais: executivo, legislativo, judiciário de todos os níveis, federal, estadual, municipal, pelas tevês a cabos e suas séries, pelos games, pelas mais violentas formas de alienação que sofremos.

Você não é nada, eu não sou nada…

Na verdade, nem um número somos mais…

Vejo com muita clareza na minha vida que todos os sistemas à nossa volta nos fazem pensar que não somos nada. Somos maltratados nos sistemas de saúde, mal atendidos em diferentes serviços públicos, passamos por momentos ruins no trabalho, na escola, somos ignorados quando precisamos de ajuda.

Tenho pensado bastante nisso!

Nesse mesmo poema, há ainda os seguintes versos: “Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, (…)”, e mais adiante ainda o poeta diz: “Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.”

Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio. Isso representa um número muito grande: 1 a cada 100 mortes registradas. Esse número vem crescendo na América do Norte e na América Latina e, entre os jovens, as taxas vêm aumentando.

Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a causa do suicídio está na depressão ou em transtornos afetivos. Esse fator representa de 36% a 37% da população que cometeu suicídio.

Para os pais e responsáveis, vale ficar atentos aos seguintes sintomas: mudanças na rotina do sono, insônia, isolamento da família e do contato social de forma repentina – tem-se falado muitos dos filhos “do quarto”: crianças que se fecham no quarto com seus games, computadores e celulares. Cuidado também com comportamentos diferentes ao vestir-se: uso de roupas de mangas longas, mesmo quando está calor, comportamento que pode indicar marcas de automutilação nos braços ou antebraços e, também, diminuição do rendimento escolar. Frases soltas sobre a morte, sobre morrer chamam a atenção também!

Sempre somos importantes para alguém! Como diz o mesmo poeta num outro poema que gosto muito: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena.”

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)