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Papa Francisco, que morreu aos 88 anos, escolheu o Brasil para sua primeira visita internacional em 2013; durante a viagem, fez questão de andar em carro aberto

Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, que morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, fez do Brasil o destino de sua primeira viagem internacional após se tornar líder da Igreja Católica. Em julho de 2013, o argentino esteve no Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento voltado para atrair jovens em um momento de queda do número de fiéis dessa faixa etária na Igreja.

A ida ao Brasil foi influenciada pelo Papa Bento XVI, seu antecessor, que havia antecipado a realização da JMJ para 2013, evitando o conflito com a Copa do Mundo de 2014, sediada no país.

Na tarde de 22 de julho, uma segunda-feira, ao desembarcar no Rio de Janeiro, Francisco declarou que sua visita ao Brasil havia sido um desejo de Deus. A ocasião foi considerada simbólica, pois representou o retorno do primeiro Papa latino-americano ao continente de origem e a visita ao país com a maior população católica do mundo, embora com um número decrescente de fiéis ativos e o avanço de outras denominações cristãs.

Segundo o Ministério do Turismo, a JMJ provocou a maior movimentação turística da história do Brasil até então. Estima-se que cerca de 355 mil pessoas de 175 países participaram do evento, além de 220 mil brasileiros e milhões de moradores do Rio de Janeiro.

Francisco foi recebido no Aeroporto do Galeão pela então presidente Dilma Rousseff, pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes. Logo após a recepção, o Papa enfrentou congestionamento na avenida Presidente Vargas, próximo à Central do Brasil, devido a falhas no esquema de tráfego.
Durante o trajeto, o carro foi cercado por fiéis em pontos como o Sambódromo e a avenida Passos, possibilitando o contato direto com o público. Essa proximidade com os fiéis e a quebra de protocolos marcaram a visita.
Na viagem, Francisco fez questão de andar em carro aberto.

O Papa percorreu a área central do Rio de Janeiro em Papamóvel, acompanhado por milhares de peregrinos, antes de seguir para o Palácio da Guanabara. Do lado de fora, manifestações resultaram em oito feridos e oito pessoas detidas, em meio ao clima de protestos iniciado em junho de 2013.

No segundo dia, Francisco viajou até Aparecida, no interior de São Paulo, onde celebrou uma missa para cerca de 200 mil pessoas, apesar da chuva e das baixas temperaturas. Durante a homilia, fez críticas ao fascínio pelo dinheiro, poder e prazer.
Retornando ao Rio de Janeiro, visitou o Hospital São Francisco de Assis da Providência de Deus, inaugurando uma ala para o tratamento de dependentes químicos e criticando a legalização das drogas, alegando que a medida não diminuiria o problema da dependência.

No terceiro dia, a abertura oficial da JMJ aconteceu. Inicialmente prevista para o Campus Fidei, em Guaratiba, a cerimônia precisou ser transferida para a Praia de Copacabana devido ao terreno encharcado.
Após receber as chaves da cidade das mãos do prefeito Eduardo Paes em uma cerimônia restrita, o Papa visitou a favela da Varginha, em Manguinhos. No mesmo dia, encontrou-se com jovens argentinos na Catedral Metropolitana e, à noite, participou da missa de abertura da JMJ em Copacabana, sendo recebido com entusiasmo e realizando gestos de proximidade, como beijar bebês durante o percurso.

O quarto dia teve início com confissões realizadas pelo Papa para cinco jovens na Quinta da Boa Vista. Em seguida, ele se reuniu com jovens detentos no Palácio São Joaquim, sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro, onde criticou a violência policial contra pessoas em situação de rua e destacou que o amor deve substituir a violência, citando o massacre da Candelária, que deixou oito jovens mortos em 1993.
Mais tarde, durante a Via Sacra em Copacabana, evento que reuniu 1,5 milhão de pessoas, Francisco abordou a perda de fé dos jovens na classe política, atribuindo-a à corrupção. Também pediu orações pelas 242 vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, ocorrido em janeiro daquele ano.

No penúltimo dia da visita, o Papa celebrou uma missa para religiosos na Catedral Metropolitana e discursou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Na ocasião, abordou pela primeira vez os protestos de 2013, defendendo o diálogo construtivo e ressaltando a necessidade de reabilitação da política para o futuro.

A visita histórica ao Brasil foi encerrada em 28 de julho, com um discurso em que Francisco defendeu reformas na Igreja para ampliar o diálogo com as novas gerações e tornar a instituição menos europeia.
A missa de Envio, realizada na praia de Copacabana, contou com a participação de quase três milhões de pessoas.