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“As vicissitudes humanas”, por Luci Bonini

Esses dias folheando meus arquivos dos tempos de professora de literatura brasileira, encontrei um texto de Machado de Assis, intitulado Um Apólogo. Muito interessante que o resumo a seguir.
“Um Apólogo” é um conto de Machado de Assis onde uma agulha e um novelo de linha, personificados, protagonizam uma discussão sobre quem merece mais reconhecimento. A agulha argumenta que é ela quem abre caminho para a linha, enquanto a linha se gaba de ser o elemento que dá beleza e enfeita a roupa. O diálogo entre as duas personagens simboliza a vaidade e a busca por status e reconhecimento, refletindo sobre as dinâmicas sociais da época. A narrativa culmina em uma lição moral, destacando a importância de todos os trabalhos, independentemente de suas funções ou aparências.

No final do texto, o autor diz o seguinte: “Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!”

Machado de Assis, como sempre, faz um escrutínio da alma humana quando cria suas narrativas e seus personagens. No caso desse conto, as características dos personagens retratam os comportamentos humanos. A agulha é a pessoa orgulhosa e racional, acredita ter um papel superior por ser aquela que “abre caminho”. Sua postura simboliza a rigidez e a busca por mérito, já a linha é vaidosa e só pensa na beleza e se considera mais importante porque ela dá à roupa sua realeza final, uma vez que quem vai vestir é a baronesa.

Embora a baronesa não participe como personagem, ela representa a alta sociedade e sua preocupação com status e vaidade. Antigamente os títulos nobiliárquicos eram herdados ou comprados. Quando eram herdados eram muito mais valorizados, mas quem os comprava poderiam ter também o mesmo prestígio, afinal custava muito caro…

Quando li esse texto, recentemente, muitos anos depois de minhas aulas de literatura, fiquei pensando nas redes sociais. Se Machado de Assis estivesse aqui conosco, com certeza escreveria um texto sobre as redes sociais em que os perfis que buscam oferecer informações seguras tem menos seguidores do que aqueles que mobilizam milhões de seguidores produzindo informações efêmeras e sem valor. Pessoas que adoram se fazer de vítimas, ou acreditam ser a última bolacha do pacote e fazem de tudo para competir com os números de seguidores….

Vamos em frente nesse mundo tão fragmentado….

Em “Um Apólogo” de Machado de Assis, uma agulha e um novelo de linha discutem sobre quem merece mais reconhecimento e respeito. A agulha se considera superior por abrir caminho para a linha, enquanto a linha se orgulha de ser o que enfeita a roupa. A história, em forma de apólogo, critica a vaidade e a busca por reconhecimento, culminando em uma lição moral sobre a importância de valorizar o trabalho de todos, independentemente da função. 

Detalhes do Apólogo:

  • Personagem
    A agulha e o novelo de linha, personificados com características humanas, como orgulho e vaidade, diz o site da Realize Editora. 
  • Enredo:
    A discussão entre a agulha e a linha, onde cada uma se considera mais importante para a criação da roupa e para a vaidade da baronesa. 
  • Local:
    A casa da baronesa, um espaço que representa a alta sociedade e a preocupação com a aparência. 
  • Contexto:
    O conto de Machado de Assis critica as relações sociais e a busca por reconhecimento na sociedade da época. 
  • Moral:
    A lição moral do apólogo é que todos os trabalhos são importantes e devem ser valorizados, mesmo que alguns sejam mais visíveis do que outros. 

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal HojeDiario.com).