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“Imunoterapia: a nova fronteira no tratamento do câncer”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

O câncer é uma das principais causas de morte no mundo. Por décadas, o tratamento foi baseado em cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Embora eficazes, esses métodos muitas vezes atacam tanto as células doentes quanto as saudáveis, gerando efeitos colaterais importantes. Nos últimos anos, porém, uma nova abordagem tem revolucionado a oncologia: a imunoterapia.
A imunoterapia é um tipo de tratamento que estimula o próprio sistema imunológico do paciente a reconhecer e combater as células cancerígenas. Em vez de agir diretamente sobre o tumor, como a quimioterapia faz, ela “libera os freios” do sistema imune, permitindo que ele identifique o câncer como uma ameaça.

Uma das formas mais conhecidas de imunoterapia são os inibidores de checkpoint imunológico, como os medicamentos anti-PD-1 e anti-CTLA-4. Eles já são utilizados com sucesso no tratamento de diversos tumores, como melanoma, câncer de pulmão, bexiga, rim e alguns tipos de câncer gastrointestinal.

Os resultados têm sido animadores. Em pacientes com melanoma metastático, por exemplo, a sobrevida global que antes era de poucos meses agora pode ultrapassar 5 anos com imunoterapia combinada. Em alguns casos, há até desaparecimento completo das lesões tumorais.

No entanto, a imunoterapia não funciona para todos os tipos de câncer e nem para todos os pacientes. Existem biomarcadores que ajudam a prever quem vai se beneficiar mais. Além disso, como qualquer tratamento, pode trazer efeitos adversos, geralmente relacionados a uma ativação excessiva do sistema imune, como inflamações da pele, intestino, pulmão ou fígado.

Outro desafio é o acesso. Por serem medicamentos de alto custo, muitos pacientes ainda não conseguem acesso, pós se tanto SUS quanto a saúde suplementar fornecessem a imunoterapia para todas as indicações, o sistema sucumbiria. Os custos podem chegar a 2 milhões de reais para cada paciente. A boa notícia é que os avanços científicos estão acelerando, com estudos ampliando as indicações da imunoterapia e combinando-a com outras terapias para aumentar sua eficácia.

A imunoterapia não é a cura universal, mas representa uma nova era de tratamento personalizado, mais tolerável e, em alguns casos, mais duradouro. A esperança é que, em um futuro próximo, ela se torne acessível a todos os que dela necessitam.

Conclusão
A luta contra o câncer é longa, mas a imunoterapia trouxe uma arma poderosa. Como oncologista, é inspirador ver pacientes antes sem perspectivas agora alcançando remissões prolongadas. Continuar investindo em ciência, acesso e informação é o caminho para transformar esperança em realidade.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).