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“Crescer sem direção”, por Robinson Guedes

É comum ver empresários comemorando os resultados do mês, celebrando o fechamento de novos contratos, o aumento nas vendas, a expansão da equipe. Aos olhos do mercado, tudo parece caminhar bem. A empresa cresce, a marca ganha espaço, os clientes chegam.
Mas existe um risco silencioso — e muitas vezes ignorado — que ronda negócios assim: crescimento sem direção, sem estrutura e sem visão de longo prazo.

Esse é o tipo de erro que não aparece no DRE. Ele não é visível no caixa, nem nas redes sociais. Mas, com o tempo, vai comprometendo silenciosamente a saúde da operação, até que o negócio, já grande e aparentemente bem-sucedido, desmorona de dentro para fora.

A armadilha do imediatismo

Grande parte dos empreendedores brasileiros foi forjada na luta, no improviso, na necessidade de fazer dar certo. Isso gerou uma cultura muito forte de ação, execução e adaptação rápida — o que é ótimo no começo. Mas quando o negócio passa da fase inicial e começa a crescer, esse mesmo comportamento pode se tornar uma armadilha.

Muitos ainda operam no modo “urgente”. O foco está nas demandas do dia, nos boletos da semana, no faturamento do mês. O problema é que uma empresa que vive apenas do agora não constrói o futuro. Ela apenas sobrevive — e a um custo altíssimo.

É como dirigir um carro olhando apenas para o capô. Você pode até evitar o buraco mais próximo, mas não enxerga a curva fechada logo adiante.

Os sintomas de um crescimento desorganizado

Empresas que não pensam estrategicamente no futuro tendem a apresentar comportamentos recorrentes. São negócios onde:

  • As decisões são tomadas no impulso, sem base em dados ou projeções;
  • Não há clareza sobre os números: lucro real, margem por produto, ponto de equilíbrio;
  • Os processos são informais, dependentes de pessoas e não de estruturas;
  • A contabilidade é apenas um setor que entrega guias, não uma fonte de inteligência;
  • O empresário centraliza tudo e sente que “não pode sair de férias”;
  • Existe medo constante de uma fiscalização, pois há zonas cinzentas que nunca foram organizadas.

O que torna tudo mais perigoso é que esses sintomas podem coexistir com altos faturamentos e crescimento aparente. E por isso muitos ignoram os sinais, acreditando que “se está vendendo, está tudo certo”. Ledo engano.

Visão de longo prazo não é luxo — é estratégia

Pensar no futuro do negócio não é um capricho reservado a grandes corporações. É uma prática obrigatória para qualquer empresa que deseje permanecer relevante e rentável nos próximos anos.

Visão de longo prazo se traduz em ações práticas como:

  • Organizar juridicamente a empresa, com contratos bem estruturados e um modelo societário inteligente;
  • Investir em uma contabilidade que atue de forma consultiva, orientando decisões e projetando cenários;
  • Formalizar processos para que a operação funcione com ou sem a presença do dono;
  • Construir um plano tributário eficiente, que evite desperdícios e riscos fiscais;
  • Ter metas claras e realistas, com base em dados reais e não apenas em otimismo.

Esses pilares não apenas blindam o negócio contra crises, como o tornam mais atrativo para o mercado, mais seguro para os sócios e mais preparado para escalar.

Antecipar é sobreviver

O mercado está mais competitivo. A Receita Federal está mais tecnológica. A mão de obra está mais exigente. O cliente está mais criterioso.
Quem não se antecipa, é engolido.

Se você está operando um negócio que depende exclusivamente da sua presença para funcionar, se não sabe exatamente onde está seu lucro e quais são seus riscos, se evita conversar sobre passivos ou planejar o próximo ano com profundidade… então você não está no controle.
Você está apenas reagindo.

E negócios que apenas reagem, mais cedo ou mais tarde, quebram. Ou pior: entram num ciclo de estagnação disfarçada de sucesso.

Conclusão: não é o mais forte que sobrevive, é o mais preparado

A história mostra que os negócios que prosperam ao longo do tempo são aqueles que aprendem a equilibrar o presente com o futuro.
Sim, é preciso executar. Sim, é preciso vender. Mas é ainda mais urgente construir um negócio pensado, estruturado, auditável, vendável e escalável.

O empresário que entende isso muda o jogo.
Deixa de ser apenas o centro da operação e se torna o arquiteto de uma empresa que sobrevive à sua ausência.
E no mundo dos negócios, essa é a verdadeira liberdade.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).