Esses dias, caminhando, vi, de longe, algo que brilhava muito. Estava sol, e com certeza, pensei, deve ser algum caco de vidro.
Fosse o que fosse, me dirigi até aquele brilho. Eu caminhava por um parque, onde pessoas caminham pela manhã, logo, assim como eu, mais pessoas já tinham visto aquele brilho intenso.
Quando cheguei mais perto, vi que não era o caco de vidro que eu pensara alguns momentos antes, mas sim um pequeno broche, sim essas bijuterias que se usa na gola das blusas, ou nas lapelas dos casacos. Era feito de pedrinhas de vidro transparente e de metal dourado. Tinha o formato de uma flor e seu miolo vermelho fazia um acabamento especial, mas não passava de uma bijuteria barata e estragada, pois nem o alfinete que o mantinha na roupa já existia.
Guardei comigo aquela belezura e fiquei pensando… A vida também faz isso conosco.
Quantas vezes na nossa vida, vemos pessoas brilhantes cruzarem nosso caminho, quantas vezes compramos roupas lindas para aquela festa maravilhosa para a qual fomos convidados, mas o tempo passa, assim como a minha caminhada no parque… O tempo passa e pessoas brilhantes que conhecemos, depois de um tempo de convivência, acabam ficando como esse broche de vidro. Sim, as pessoas acabam ficando sem valor nenhum, perdem a graça pois muitas vezes se acham importantes, se acham mais inteligentes que o resto do mundo e por aí vai…
As roupas também são assim, aquela bela roupa que se compra para uma festa, com o passar do tempo ela já está fora de moda, feia, desbotada…
Mas ainda há mais nesse pensamento… Quando vi o broche brilhando naquele dia ensolarado no parque, pensei:
– Também existem pessoas como esse broche. Pessoas simples, mas apenas ao olharmos e convivermos com ela, elas brilham como o sol…
Bastas chegarmos perto, ver que certos amigos de longa data e familiares que convivem conosco há décadas são assim, simples, mas quando sua luz brilha, nós temos a certeza de que dali sai muita sabedoria.
Meu pai era exatamente assim, como esse broche: um homem simples e sábio. Todas as lições que aprendi com ele, trago-as até hoje em mim.
