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Nascido em cidade do Alto Tietê, Maurício de Sousa se candidata a Academia Brasileira de Letras

Nascido em Santa Isabel, cidade da região do Alto Tietê, o famoso quadrinista e escritor brasileiro Maurício de Sousa, anunciou sua candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL), assumindo a cadeira oito que foi ocupada pela acadêmica Cleonice Berardinelli, que faleceu aos 106 anos em janeiro.
A confirmação oficial da candidatura veio da própria ABL, que já teve grandes nomes como seus ocupantes, incluindo Alberto de Oliveira, Oliveira Viana, Austregésilo de Athayde, Antonio Callado e Antonio Olinto.

Maurício de Sousa, com 87 anos, declarou que sua candidatura planeja reunir esforços com outros acadêmicos para aumentar a importância da entidade secular e promover o conhecimento da literatura e dos grandes autores brasileiros, especialmente para crianças e jovens.

A cadeira que ele planeja assumir tem como patrono o advogado, magistrado e poeta Cláudio Manoel da Costa. A candidatura foi oficializada com o envio de uma carta para Merval Pereira, presidente da ABL, na semana passada. (Leia a íntegra da carta no abaixo)

Maurício de Sousa é um dos mais renomados escritores e ilustradores de histórias em quadrinhos no Brasil e já recebeu diversas premiações pelo seu trabalho, incluindo “A Turma da Mônica”, que já vendeu mais de 1,2 bilhão de gibis e 15 milhões de livros.

Confira a íntegra da carta de candidatura de Maurício de Sousa à ABL:

“Ao Ilustríssimo Sr.

Merval Pereira

Presidente da Academia Brasileira de Letras,

Eu tinha entre quatro e cinco anos de idade quando vi uma revista em quadrinhos caída na calçada. Aquelas ilustrações me alegraram de tal forma que pedi aos meus pais que lessem pra mim. Eles começaram a me trazer mais revistinhas de quadrinhos. E toca ler pra mim. Até que minha mãe, muito ocupada com outros afazeres, resolveu me alfabetizar. Em três meses eu já sabia ler e aí foi uma revolução em minha vidinha de criança. Só sei dizer que depois dos gibis fui para os livros de Lobato e na juventude já era rato de biblioteca. Lia um livro por dia. Eça de Queiroz, Machado de Assis, Raquel de Queiroz, Guimarães Rosa… Hoje, aos 87 anos e sendo autor de criação de uma turminha viva vejo o mesmo acontecer em milhões de crianças pelo Brasil sendo estimuladas à leitura pelos quadrinhos e a se alfabetizarem até antes da escola. Em meus encontros nas bienais do Livro e pelas escolas do Brasil peço que quem aprendeu a ler com a Turma da Mônica levante a mão. Todos se levantam. Claro que alguns para me agradar, mas todos se sentem infectados pelo bichinho da leitura.
Penso que nossa função, como autores, é criar novos leitores.

A ABL é o centro de valorização, não apenas do autor brasileiro, mas do leitor. Sem leitor não há a mágica da literatura. E para se conquistar o leitor, a melhor época é a infância. E este o será para sempre. A Turma da Mônica hoje está em todas as plataformas de comunicação, para não deixar escapar a conexão que o futuro cobrará de todos. Posso dar esta contribuição para que o trabalho da ABL pelo estímulo à leitura por meio de seus imortais seja mais e mais reconhecido, aproximando os leitores dos nossos clássicos também por meio dos quadrinhos.

Nossos personagens, por esta razão, são emprestados às campanhas importantíssimas no Brasil e no mundo. Projeto com a ONU mulheres e o UNICEF. Em parceria com a UNESCO, ressaltando o direito humano à alfabetização. No projeto Donas da Rua, foram homenageadas diversas escritoras brasileiras, como Clarisse Lispector, Maria Firmina dos Reis e Lygia Fagundes Telles. Personagens criados para melhor informar o que é a empatia e a inclusão, como Luca (um garoto que usa cadeira de rodas) e Dorinha (menina cega inspirada em Dorina Nowill), aproveitando a turminha como fonte de credibilidade para gerar a solidariedade e disseminar ensinamentos sobre os muitos amiguinhos com alguma deficiência. Crianças e jovens precisam não apenas serem informados como formados pela magia da literatura e seus incríveis personagens.

Venho então não pedir apenas participar da eleição para A CADEIRA No. 8 DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, QUE FOI DE CLEONICE BERARDINELLI, mas devolver aos grandes escritores brasileiros que me formaram um pouco do que devo a eles pelo que sou. E os quadrinhos são literatura pura dos tempos modernos onde o desenho se incorporou para conquistar mais e mais leitores. São milhões deles. Darei minha contribuição se assim os imortais também entenderem. Imortais que em algum número estiveram comigo no chá das cinco do dia 9 de março de 2023 para breves conversas até mesmo sobre a natureza do meu trabalho. Eu senti o melhor dos climas desde os primeiros passos e palavras ouvidas dentro da maravilhosa sede da ABL.

Atenciosamente,

Mauricio Araújo de Sousa”

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