Queridos leitores no texto desta semana, gostaria de falar de uma figura bastante conhecida e simbólica no norte e nordeste do Brasil: Padre Cícero Romão Batista. Cearense, nasceu em Crato, no dia 24 de Março de 1844, e morreu em Juazeiro do Norte dia 20 de Julho de 1934. Em Junho do ano passado, o Vaticano autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero, contudo grande parte do povo nordestino de ontem e de hoje já o elevou a condição de santo.
Para contar a história deste grande homem, usaremos a literatura de cordel, muito popular no nordeste, que conta o texto de forma rimada. A autora do texto é a poetisa e cordelista Maria Rosário Lustosa. Para não ficar cansativo, iremos dividir o texto em duas partes, segue então a primeira parte, Deus os abençoe e o Padre Cícero interceda por todos.
Últimas Notícias
“Que Deus do céu me inspire
E não me faça calar
Eu vou tentar responder
Essa pergunta no ar
Quem é o padrinho Cícero?
Eu vou aqui explicar.
Pergunta que não é fácil
De falar e responder
Sei que filho do Crato
Saiu de lá pra viver
Na vila de Juazeiro
Cidade que viu crescer.
Ele foi um sacerdote
Que Deus botou em seus planos
E que cuidou do Juazeiro
Como muitos soberanos
No ano de trinta e quatro
Morreu com noventa anos.
A sua vida de padre
Logo se modificou
Com o milagre da hóstia
Que o sangue derramou
Mudou todo o seu destino
E tudo se transformou.
Ele é mesmo um fenômeno
Difícil de explicar
Por mais que alguém estude
Não vai saber decifrar
Um pouco do que ele era
Eu vou agora falar.
Foi um grande patriarca
Conselheiro e confessor
É chamado de padrinho
Como terno protetor
Que a todos acolhia
Com seu carinho e amor.
Um homem inteligente
À frente de sua era
Recebeu o Juazeiro
Uma vila de tapera
E por sessenta e dois anos
Construiu uma quimera.
Juazeiro é um milagre
Que padre Cícero fundou
De pequenina cidade
Em grande se transformou
Continua recebendo
O romeiro que ele amou.
Ele fez do Juazeiro
Uma terra prometida
Amava muito esta terra
E por ela dava a vida
O romeiro que chegar
Tem por certeza a guarida.
Ele até disse uma vez:
— Filho do Crato eu sou
Mas Juazeiro é meu filho,
Assim ele se expressou
Mostrou sua sapiência
Quando se justificou.
Defender o oprimido
Foi sua maior missão
Amparou o desvalido
Com empenho de cristão
Compadeceu-se do pobre
Com amor no coração.
Como padre conselheiro
Foi por Deus iluminado
Quem conversava com ele
Saia bem confortado
E quem a ele escutava
Ficava orientado.
Ele foi um rico pobre
Que não juntou um vintém
Gostava de ajudar
Sem querer saber a quem
Ao receber com uma mão
Dava com a outra também.
Um regime social
Aqui ele promoveu
Ensinou foi a pescar
Peixe pronto ele não deu
Priorizou o trabalho
Da oração se valeu.
Paternalista não foi
Botou foi pra trabalhar
Relacionou muitas artes
Para ao povo ensinar
Tinha resposta pra tudo
Que vinham lhe perguntar.
Como nacionalista
Protestou a União
Que já bem naquela época
Promovia a concessão
E nas terras brasileiras
Praticava a isenção.”
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)