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“Tempestade perfeita”, por Marcelo Candido

O Brasil vive uma grave crise que tem dimensões políticas, sociais e econômicas fortemente intrincadas. Todos os respectivos indicadores apontam que ela se estenderá ao longo dos próximos meses, agravando ainda mais seus efeitos deletérios sobre o tecido social brasileiro.

A pandemia do novo coronavírus potencializa a crise e expõe de forma visceral as desigualdades brasileiras. A imagem do país no exterior não contribui para o reaquecimento da economia, pois investidores internacionais temem pela instabilidade gerada pelas contendas que o Presidente Jair Bolsonaro fomenta todos os dias, afetando o ambiente de negócios.

O Brasil está na contramão das melhores práticas ambientais defendidas mundo afora e isso reflete também no ânimo desses mesmos investidores. Os baixos investimentos na modernização e diversificação da matriz energética do país colocam sob ameaça a capacidade nacional de garantir segurança e estabilidade financeira na manutenção dos setores produtivos, pois pode não gerar energia compatível à entrega necessária, mantendo o Brasil sob ameaça de “apagão”. Paralelamente a conta de energia atinge patamares altíssimos.

A inflação volta a assombrar as famílias brasileiras e as altas taxas de desemprego e desalento empobrecem cada vez mais a classe trabalhadora. Se a tempestade já não fosse perfeita para diminuir a confiança da sociedade em relação ao seu destino, Bolsonaro torna o ambiente ainda mais comprometido porque confronta as instituições do país ameaçando-as de interferências antidemocráticas.


Em Brasília, até aliados do Presidente já dão conta de que chefe do Executivo é o principal vetor de transmissão da crise, colocando em dúvidas a viabilidade eleitoral do mandatário. Diante de tudo isso, as previsões são de que as eleições do próximo ano serão decisivas para que o Brasil possa sair da caótica situação em que se encontra e voltar a crescer de forma civilizada. O sufrágio universal poderá promover uma grande assepsia sobre o ambiente político contaminado pelo atual Presidente.

Então valerá o esforço de todas as lideranças do campo democrático e progressista para perseguir a unidade em defesa da democracia e das instituições brasileiras contra aqueles que buscam reimplantar um obscurantismo que já parecia submerso no lixo da história.

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)