A pandemia de Covid-19 causou altos e baixos no mercado financeiro, na economia e até na política nacional. Contudo, os que mais sofreram com as mudanças e as instabilidades desse cenário foram aqueles que contavam com rendas mensais brutas inferiores a um salário-mínimo, além dos milhões que já estavam na linha da pobreza.
Desemprego, aumento da inflação e dos preços, medo da doença, desigualdade social; Tudo isso formou uma tempestade perfeita na qual milhares de brasileiros viram suas fontes de rendas sumirem, seu poder de compra desaparecer, além de ter que lidar com as incertezas quanto ao pagamento do Auxílio Emergencial, que se mostrou essencial para garantir o acesso aos bens mais básicos, como comida e água.
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Segundo levantamentos do FGV Social, no fim de 2019, havia mais de 23 milhões de pessoas em situação de pobreza no Brasil. Em julho de 2020, esse número caiu para 9,8 milhões. A queda só foi possível por conta do auxílio emergencial de R$ 600, disponibilizado para a população em geral, e R$ 1.200 voltado às mães chefes de família.
O número pode parecer promissor e até dar uma certa esperança de que houve melhora na condição de vida da população. No entanto, com o fim do programa em 2020, estima-se que 34,3 milhões de brasileiros entraram na linha da pobreza, em levantamento feito ao final do primeiro trimestre de 2021. Com o novo auxílio governamental, que paga somente R$ 100, R$250 ou R$375, o país conta atualmente com mais de 27 milhões em situação de vulnerabilidade e sem nenhuma perspectiva de melhora.
O maior agravante dessa situação é a taxa de desemprego no país. De acordo com dados do Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao segundo trimestre de 2021, há cerca de 14,1% da população desempregada e ,em sua maioria, pessoas que figuram nas linhas de pobreza e pobreza extrema. Esses grupos não conseguem fazer planos futuros ou pensar em investimentos e alternativas para poupar. Muitos se voltam a fazer pequenos trabalhos para tentar garantir o dinheiro para as necessidades mais básicas, como pagar o aluguel e evitar que fiquem em situação de rua.
Com a inflação voando alto e a desigualdade crescendo cada dia mais, a pergunta que fica é: como os grupos mais afetados recuperam o pouco que tinham? O Governo Federal apresentou propostas para o Orçamento de 2022, que incluíram um substituto ao Bolsa Família, o Auxílio Brasil, um novo programa com benefício em torno de R$ 300 com a estimativa de atingir mais de 17 milhões de famílias.
Apesar de parecer promissora, em especial, por pagar um valor superior ao do Bolsa Família, a proposta ainda pode ser considerada insustentável. O Auxílio Brasil ainda precisa ser aprovado e, o principal, para que seja realmente implantado, é preciso que haja espaço no Orçamento para 2022. Caso não seja dada continuidade a esse trabalho, os mais pobres seguem desamparados e sem expectativas para o futuro.
Muito além de força de vontade, a situação dos pobres e miseráveis no Brasil requer grandes estudos sociais e orçamentários, para que sejam feitas medidas e propostas que contemplem essa população e lhes deem soluções efetivas para a fome, falta de moradia digna, falta de acesso à educação, desemprego e outros tantos problemas que impedem a recuperação e o desenvolvimento financeiro de quem mais precisa.
(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)