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“Francesco Bernardone”, por Marcelo Candido

Entre nós viveu um homem que fez da rebeldia contra os cânones sociais, econômicos e religiosos de sua época, a hagiografia mais poderosa jamais contada em qualquer tempo a respeito da vida de um santo. Francesco Bernardone não reivindicou a própria santidade. A rigor, sequer acreditava ser esse o destino reservado para a sua existência, uma vez que era um jovem cujas características não o diferenciavam daqueles seus contemporâneos, exceto pela opulência financeira e hedonismo consequente.

Um dia, ao se deparar com as ruínas de uma igreja, sentiu um chamado que o transformaria na mais popular figura dos santos presentes no panteão da igreja católica. Era preciso reconstruir aquela igreja; não a sua estrutura física, mas a própria instituição que ela representava. Porém, a princípio, Francesco acreditou tratar-se de uma obra feita à mão, para a qual prontamente passou a se dedicar. A partir daquele momento, não apenas aquele jovem passaria por uma profunda transformação, mas toda a humanidade, que segue até hoje influenciada pelas ideias difundidas pelo pobrezinho de Assis, que abriu mão de toda a riqueza e fez da autoprivação o testemunho do aprendizado sobre a vida de Jesus Cristo.

Assim, um processo lento e poderoso de conversão se operou na vida daquele jovem, que passou a questionar costumes cristalizados naquele período, oferecendo como alternativa as práticas do amor e da caridade em benefício de todos os seres vivos. Ele “acreditava num Deus pessoal e amoroso”, segundo Donald Spoto, um de seus incontáveis biógrafos. Ele percorreu com seus pés descalços longos caminhos como mensageiro da paz e defensor da igualdade entre as pessoas. Deu testemunhos de imenso amor por tudo o que é vivo sobre a terra. Ele atendeu com doçura e compaixão pessoas lançadas às margens do convívio humano, maltratadas pelas doenças mais degradantes da condição humana em sua época. Ele levava a essas pessoas a esperança silenciosa de quem se prostra diante de um Deus poderoso à espera da cura milagrosa e da salvação da alma.

Ele semeou ideias como quem bem conhece o ciclo da vida e o vagar com que ele se desenvolve, para que o amor e a caridade se solidifiquem no coração de cada pessoa. Ele é considerado o santo que melhor se aproximou do amor absoluto que apenas Jesus de Nazaré testemunhou sobre a terra. Ele foi dedicado às causas que em seu tempo figuravam como atos de subversão a uma ordem que ainda não configurava o sistema econômico que hoje cobre boa parte da atividade humana, mas que já se fazia presente de forma fragmentada como valores abundantes de uma sociedade que progredia à revelia do bem-estar das pessoas e da vida em comunidade.

Ele vislumbrou um Deus infinito, poderoso, amoroso e confiante diante da criação. Ele expressou toda potencia de uma vida dedicada ao amor. Francesco Bernardone se fez Francisco de Assis, o santo dos pobres, o defensor dos animais e da natureza. E hoje celebramos a sua vida após quase 800 anos de sua morte, ocorrida sob o canto dos pássaros, ao lado de seus irmãos e irmãs, nas colinas da pequenina cidade italiana localizada na região da Umbria.

(Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiário.com)