A religião e a religiosidade no tempo atual é vista por alguns com um certo ceticismo e até descrença. Talvez, pela ideia que muitos tem de Deus, até mesmo pelo preconceito em relação à religião e pela nossa incoerência religiosa.
Com relação a Deus, erroneamente se tem a ideia de um Deus-Rei carente que precisa ser o tempo todo exaltado, elogiado e louvado. Uma relação espiritual verticalista e sentimental, com característica egoísta. A comunhão com Deus toca a nossa existência, o nosso ser. Se ele nos fez, é natural que nos completemos nele. Contemplá-lo é contemplar a verdade oferecida a nós.
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Por mais pessimista que possa parecer, sem Deus, nos mataríamos. O reino de brigas e ilusões nos engoliria. Toda a criação existe por vontade do Criador. Fugir dele, é fugir de nós mesmos, é fugir da nossa origem e do nosso destino. Desta comunhão primordial, deriva a nossa comunhão com os outros. Neste sentido, o louvor agradável a Deus é o canto da fraternidade, da acolhida e do respeito, presente no coração daquele que o invoca retamente.
Deus é amor, sendo assim, invocá-lo é trazer pra si o amor. Sem esta fraternidade, o nosso canto desafina e não chega ao coração de Deus. O egoísmo torna qualquer linguagem incompreensível e qualquer presença, ausência. A verdadeira fé passa necessariamente pela caridade, que liberta o ser humano do egoísmo, que o aprisiona e o mata.
No tocante a religião, vivemos em uma sociedade deveras hostil a religiosidade. Há quem acredite que crer ou ser membro de uma religião é ser prisioneiro, ser enganado, é ser infantil. Mas o que aprisiona é o fanatismo que que torna qualquer crente ou ateu cego e incapaz de interpretar os fatos e buscar a verdade.
Por fim, a nossa incoerência convida o mais crente a desacreditar. A persistência no bom caminho gera a virtude. Crer em Deus não é ser perfeito, muito menos ser maior ou melhor em relação aquele que não crê. Mas é cultivar a certeza de que somos falíveis e por isso precisamos de Deus. E em meio às nossas imperfeições nos aperfeiçoar na convivência fraterna. Com Deus chegamos ao outro; a fé aqui se traduz em caridade. E com o outro chegamos a Deus; a caridade aqui se traduz em fé. Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)