“Imposturas!”, por Marcelo Candido

As reações que advêm de uma informação lançada de forma aleatória, curiosamente, podem gerar mais perguntas do que respostas! Como quando alguém apresenta um pleito natural que se transforma em crise, sem que houvesse sinal algum de problema. Ou será que havia e o incauto confidente não imaginava?

Seja como for, o fato é que uma lembrança simples, natural, fidedigna, revela-se como se se tratasse de uma inconfidência, senão mineira, ainda assim digna da pena capital. Acordos só os fazem quem tem palavra. Até porque a ninguém é dada a obrigação de fazê-los se não pesar sobre uma das partes alguma imposição autoritária.

Sendo assim, honrar compromissos faz parte da vida, principalmente quando a ocasião assim assinalava, à época da celebração de tão valorosa construção do futuro, um presente de legítima parceria. Quando, enfim, o futuro se torna presente e a chave já está em mãos antes não aparentemente sorrateiras, as portas passam a ser trancadas por dentro, sem que reste uma indigna fresta através da qual fosse possível vislumbrar as atividades que ocorrem do outro lado.

Então a pândega acontece como que para celebrar a ascensão de um império cujo todo-poderoso passa a ser o outrora amiúde derrotado. Normalmente, quem cessa de perder, quando ganha, tem pavor de voltar a perder! Sendo assim, até mesmo a conclamação da manutenção da unidade acordada, ressoa aos ouvidos poucos habituados ao espírito da verdade como se fosse uma declaração de guerra. Entram em operação atitudes que somente tornam-se praticáveis no mundo fantástico de uma mente maculada pela ambição, pela glória e pelo poder.

Os inimigos passam a habitar nos mínimos espaços e as teorias da conspiração se transformam em narrativas correntes que somente os brutalmente corrompidos passam a acreditar como verdades indeléveis em seus cálculos forjados pela soberba de um futuro interminável, pois dependente de um, que a pretexto de ser um, age como se fosse o único. Certas atitudes revelam mais sobre quem são as pessoas que as praticam do que sobre a pessoa que supostamente lhe deu causa.

Fosse uma promissória, a lembrança bateria às portas cartoriais para reaver direitos. Sendo apenas uma lembrança, sua ocorrência transforma-se em acinte ao entendimento do maledicente que desconhece a virtude. Para existir fé no futuro exige-se que haja respeito no presente, o que, não ocorrendo, faz corroer as dignas esperanças. E assim não há mais como escapar dessa realidade, apenas enfrentá-la. Que a honra nunca nos falte, principalmente quando estão em questão os mais nobres e incorruptíveis tratados, todos baseados naquilo que há de mais nobre em nossa sociedade contemporânea.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)