O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) se entregou à Polícia Federal após ter resistido à prisão e ter atirado contra dois agentes da entidade, neste domingo (23), na cidade de Comendador Levy Gasparian, no Rio de Janeiro. O mandado de prisão foi expedido após o político ter xingado a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, de “prostituta arrombada”.
Jefferson foi preso em 2021, no inquérito da Polícia Federal que investiga a organização e funcionamento de milícias digitais com o objetivo de atacar instituições democráticas. No início deste ano, ele começou a cumprir a condenação em domicílio.
Após descumprir diversas medidas da prisão, como usar redes sociais, compartilhar fake news, passar orientações a dirigentes do PTB e receber visitas, além de xingar a ministra Carmen Lúcia, foi emitida a ordem, por parte do ministro Alexandre de Moraes, para que a prisão voltasse a ser cumprida em regime fechado.
Quando, porém, a Polícia Federal foi cumprir o mandado de prisão, Roberto Jefferson resistiu à ordem e atirou com fuzil contra os agentes, além de lançar duas granadas de efeito moral. A Polícia reagiu aos ataques, mas não invadiu a casa de Jefferson.
Dois policiais ficaram feridos, o delegado Marcelo Vilella e a policial Karina Lino Miranda de Oliveira. Uma viatura da PF também foi atingida na lataria e no para-brisa. O ex-deputado se entregou após 8 horas resistindo à ordem do STF e após uma negociação amigável, onde os policiais chegaram a rir do relato de Jefferson sobre o caso. Ambos estão bem.
Agressão a repórter
Um grupo de apoiadores de Roberto Jefferson e do presidente Jair Bolsonaro agrediram o repórter cinematográfico, Rogério de Paula, da Inter TV, afiliada da TV Globo. Ele levou um soco, caiu no chão batendo sua cabeça e tendo o início de uma convulsão. O homem de 59 anos foi levado para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Três Rios, para ser atendido.
Bolsonaro repudia ação de Roberto Jefferson
O presidente Jair Bolsonaro, a quem Roberto Jefferson manifestou apoio em diversas ocasiões e por quem foi recebido diversas vezes no Planalto, repudiou veementemente as ações do ex-deputado. Em suas redes sociais, o presidente ainda chamou Jefferson de bandido.
Bolsonaro, porém, ainda criticou a realização do inquérito que gerou a prisão do presidente do PTB. “Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, escreveu o chefe do Executivo no Twitter.
Indiciamento
O ex-deputado Roberto Jefferson foi indiciado pela Polícia Federal por quatro tentativas de homicídio, referente aos dois agentes feridos e outros dois que estavam numa viatura, mas não foram atingidos.
Na casa do político ainda foram encontradas grandes quantidades de armas e munições. A PF ainda fazia a contagem da munição nesta segunda-feira (24), além de ter apreendido munição destinada para caça de javali.
A licença de CAC do ex-deputado estava suspensa, segundo o sistema do Exército, impedindo que ele transportasse armas fora de Brasília. O Exército abriu processo administrativo para apurar o caso e a Polícia Federal instaurou inquérito na esfera criminal.
Jefferson está no presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, e vai passar por audiência de custódia, na tarde desta segunda-feira (24), na Justiça Federal.
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