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“A Fábula da Abelha”, por Luci Bonini

Como se sabe, as abelhas vêm sendo dizimadas por uma série de eventos climáticos, agrotóxicos utilizados na agricultura e, segundo algumas teorias mais recentes, por causa do excesso de frequências usadas nas telecomunicações.

Então, uma vez uma colmeia de abelhas buscou várias formas de tentar sobreviver a esse novo mundo. Uma das assessoras da abelha-rainha, a aconselhou que lesse o livro 1984. Assim ela o fez. Chamou algumas assessoras que também leram e depois de muitas reuniões e muitos debates elas decidiram criar os ministérios dentro da colmeia assim como estava descrito no livro. Assim nasceram, naquela colmeia, o Ministério da Verdade, o Ministério da Paz, o Ministério do Amor e o Ministério da Abundância.

O Ministério da Verdade era responsável por qualquer falsificação necessária de eventos históricos. Esse ministério criou uma linguagem entre a população chamada novilíngua em que a “verdade” é entendida como: O Mel não é doce e cada abelha operária terá uma pequena reserva para se alimentar enquanto trabalha. Assim as abelhas não poderiam mais se alimentar do mel continuamente, mas continuariam produzindo-o até à exaustão. Claro que as operárias morriam precocemente, eram criadas mais operárias pelas hierarquias superiores, que se fartavam de mel cada vez mais e continuavam deixando os homens retirar favos ao seu bel-prazer.

O Ministério da Paz foi criado para se preocupar com a guerra, afinal as abelhas estavam sendo massacradas, então resolveram deixar seus exércitos mais preparados para espantar os homens que vinham tirar delas o alimento. Na verdade, esse ministério mantinha uma guerra perpétua, pois auxiliava a manter o clima mental da sociedade das abelhas com medo, com as hierarquias bem demarcadas. Os homens eram os destruidores da vida delas, mas o máximo que o exército conseguia era picar alguns dos trabalhadores que vinham extrair o mel. A guerra sendo mantida, mantém-se também o medo e consegue-se subjugar todo um povo.

Em seguida, veio o Ministério do Amor é aquele que mantinha todo o aparato de segurança. Havia uma tecnologia chamada BigBee – que acompanhava todas as abelhas, conhecia todas elas e suas funções e elas sabiam, por seu lado, que a BigBee, assim como o Big Brother no livro de Orwell, era um instrumento de segurança, repressão e tortura. Esse ministério foi criado no interior da colmeia, sem janelas, com muita segurança por dentro e por fora.

O último ministério, assim como no livro, se chamava Ministério da Fartura: de acordo com os dados publicados pelo Ministério da Verdade, a colmeia é altamente produtiva e todos vivem felizes, só que não. A pobreza era necessária para manter a fidelidade das abelhas à colmeia, pois o pouco de mel que recebiam, que agora não era mais doce, mal dava para enfrentar a distância para colher o néctar nas redondezas, e quem diria, nas mais distantes.

E assim viveram felizes para sempre…

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)