Nesta segunda-feira (1º), é celebrado o Dia do Trabalho, data que ficou marcada como uma homenagem aos trabalhadores que lutaram por seus direitos ao longo de muitas décadas. Como formar de explicar a origem deste dia, o portal HojeDiario.com preparo essa matéria especial explicando como o dia 1º de maio ficou conhecido como o dia do trabalho (ou dos trabalhadores) no Brasil e no mundo.
Origem da data
A data ficou marcada como o dia em que começaram as manifestações sindicalistas em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886. O lema dos manifestantes era “Eight-hour day with no cut in pay” (diária de oito horas sem redução no pagamento, em inglês). Mais de 300 mil trabalhadores foram às ruas da cidade americana e outras grandes metrópoles americanas, como Nova York, Detroit e Milwaukee para pedir a redução da carga horária de seus empregos.
Últimas Notícias
- 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil: conheça grandes autores infantis de Suzano e Mogi das Cruzes
- Suzano Vôlei elimina o Itambé Minas fora de casa e avança à semifinal da Superliga Masculina na noite desta quarta (16)
- Advogado João Neto, famoso nas redes sociais, é preso por violência doméstica
No dia 04 de maio, 2.500 americanos se reuniram na praça Haymarket, em Chicago, que na época era uma das mais industrializadas de todo o país. A ideia era realizar uma assembleia com os sindicatos que decidiram os rumos do movimento, que perdera dois manifestantes, mortos por policiais um dia antes.
Quando a reunião estava próxima do fim e grande parte dos manifestantes já haviam ido embora, um grupo de policiais cercou 200 trabalhadores que ali estavam e pediram que se retirassem e logo começaram a atirar contra eles. Na confusão, quatro protestantes e sete policiais morreram e mais de 130 pessoas ficaram feridas.
O caos instaurado fez com que dezenas de sindicatos ao redor do país fossem ocupados por policiais e a lei marcial foi declarada em todos os Estados Unidos. Mais de 100 sindicalistas foram presos, oito processados e sete condenados à pena de morte. O conflito todo ficou conhecido como a Revolta de Haymarket.
Em 1889, um congresso socialista chamado “Segunda Internacional”, realizado em Paris, instituiu o dia 1º de maio como o Dia Mundial do Trabalho, para lembrar e homenagear a morte e luta dos trabalhadores por melhores condições.
Dia do Trabalho no Brasil
No Brasil, a data do Dia do Trabalhador, como inicialmente era chamado, foi instituída em 1924 oficialmente pelo governo do presidente Artur Bernardes (1875-1955). A medida foi tomada depois que as ideias socialistas e comunistas começaram a chegar ao Brasil, importadas de imigrantes europeus que se chegavam ao país para substituir a obra de mão escrava.
As primeiras manifestações por direitos trabalhistas já começavam a ocorrer por todo o Brasil. Há indícios, segundo o pesquisador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Paulo Rezzutti, que a primeira celebração do tipo ocorreu em Santos em 1895, por iniciativa do Centro Socialista de Santos junto aos trabalhadores portuários.
Mas a maior movimentação trabalhista ocorreu em 1917, com a realização da Greve Geral, que ocorreu em julho em São Paulo Capital, considera a primeira grande paralisação da história brasileira, com adesão estimada de 70 mil pessoas.
Sob grande pressão dos trabalhadores, o presidente Artur Bernardes começou a assinar uma série de medidas em favor dos direitos trabalhistas. Em 1923, foi decretada uma lei que passou a garantir caixa de assistência médica e aposentadoria para os ferroviários. No mesmo governo, houve a regulamentação de férias remuneradas. Em 1924, o feriado de 1º de Maio como o Dia do Trabalhador foi instituído por meio de decreto.
“Artigo único: é considerado feriado nacional o dia 1 de maio, consagrado à confraternidade universal das classes operárias e à comemoração dos mártires do trabalho; revogadas as disposições em contrário”, diz o documento.
Gestão Vargas
Historiadores costumam dizer que foi no governo de Getúlio Vargas que a data começou a mudar de cara. Antes marcada por protestos reivindicando novos direitos trabalhistas, com a chegada do Getulismo passou a ser uma data com comemorações e desfiles cívicos.
O período Vargas foi marcado por propaganda política voltada para trabalhismo. Foi em 1º de maio que foi criada a Justiça do Trabalho (1941) e a Consolidação das Leis Trabalhistas (1943).
Unificando e atualizando toda a legislação trabalhista então existente no Brasil, a CLT passou a abranger direitos de boa parte dos trabalhadores, com determinações sobre duração da jornada, férias, segurança do trabalho, previdência social e férias e também passou a fixar o valor do salário mínimo.
Alguns sociólogos criticaram a mudança na data. À BBC News Brasil, o historiador, sociólogo e antropólogo Claudio Bertolli Filho, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e autor de, entre outros livros, A República Velha e a Revolução de 30, disse que no projeto getulista, a manifestação que era dos trabalhadores, revolucionários, para exigir direitos, se transformou em uma festa do trabalho, na qual se homenageia não exatamente o trabalhador mas sim a categoria básica do mundo capitalista e do estado autoritário de Vargas: o trabalho.
Por isso, é a partir do governo Vargas que se passa a ver celebrações com a bandeira nacional, não mais a bandeira internacional comunista, não mais a bandeira do anarquismo.
“O papel que Vargas exerceu dentro da sua perspectiva populista foi instaurar o Primeiro de Maio como uma forma de domínio dos trabalhadores, sutilmente, subvertendo a ordem. O trabalhador, antes livre, a partir de então passava a ser um trabalhador normatizado, legislado pelo Estado. Que, com isso, dominava o trabalho”, finaliza.