Presidente do USAC, Fábio Souza fala sobre desafios do clube, planejamento de 2024 e entrada na política da cidade com provável candidatura a vereador

Em 2021, um sonho se realizou para o União Suzano (USAC): pela primeira vez na história do clube, o clube levantou a taça de campeões da Segunda Divisão do Campeonato Paulista (equivalente à quarta divisão).
A conquista foi uma emoção principalmente para Fábio Souza, presidente do clube e ex-atleta de futebol profissional, que assumiu o time um ano antes com o desafio de trazer o USAC de volta à relevância na cidade.
Ao portal HojeDiario.com, ele contou sobre a trajetória dele até chegar ao cargo e como planeja o time para o ano de 2024.

Fábio foi atleta profissional por 17 anos, tendo atuado como volante por diversos clubes, inclusive, pelo rival do USAC, o ECUS, em 2004. Depois, passou por diversos clubes do interior de São Paulo, de outros estados e tendo até no exterior, até encerrar sua carreira em 2017.

Em 2019, foi quando começou sua trajetória como dirigente de futebol.
“Um amigo que jogou comigo disse que alguns empresários queriam investir num clube. De início conversamos com o Ecus, onde eu joguei, mas a questão de documentação acabou não dando certo. Então, entrei em contato com o pessoal do USAC e acertamos a assumimos o clube e de início eu como diretor do clube”, contou.

Foi apenas quando o antigo presidente se afastou por motivos pessoais que Fábio assumiu o comando do time. De início a dificuldade é mesma de todo clube de futebol local: o dinheiro.
“A dificuldade sempre é financeira. Tínhamos que apagar muito ‘fogo’ da gestão antiga. Então, às vezes precisávamos do campo para treinar, mas não podíamos utilizar porque a dívida não estava paga ainda. Não conseguíamos ir numa padaria falar ‘queremos 50 pães e te pagamos no final do dia’ porque a gestão passada tinha falhado muito com isso”, explicou.

Ele destacou que tudo foi um processo lento até o time começar a investir diretamente no futebol.
“Fomos devagar limpando nosso nome. Não foi fácil, não é fácil, porque a nossa cidade não estava acostumada com a presença de um clube de futebol profissional aqui. Mas hoje, com o auxílio de parceiros de São Paulo, nossa gestão e com os recursos que vêm da Federal Paulista de Futebol (FPF), a gente consegue investir no time. E como nosso time não tem dívidas trabalhistas, todo o dinheiro que vem da FPF é possível juntar com o dos investidores e investir direto no futebol”, afirmou.  

A forma de organizar as finanças foi manter os pés no chão e entender a realidade financeira do clube, nunca ultrapassando os limites.
“O objetivo aqui é bem claro. O clube tem pouco, mas o time é organizado, não passamos dos nossos limites. A grana que vem para o clube é para investir no futebol. Esses nossos investidores acreditaram no projeto e creem que o USAC está em boas mãos”, disse.
Atualmente, o clube trabalha com aproximadamente 75 funcionários, incluindo os atletas de base e do profissional.  

Ainda assim, os desafios de gerir um clube de futebol profissional em Suzano continuam.
“Nós já estivemos mais tranquilos financeiramente. Hoje está um pouco mais difícil. Depois de quatro anos que o clube tem se destacado, eu achei que as empresas da cidade se interessariam mais pelo projeto. Então, ainda está um pouco complicado financeiramente, mas estamos indo devagar. Somos bem pés no chão”, ressaltou.

Um destaque que Fábio deu a sua gestão é a capacidade de negociar com grandes e tradicionais clubes do Brasil. Neste ano, por exemplo, dois jovens, Jeovan Botelho, de 18 anos, e Rikelme, de 16, foram negociados com o Palmeiras. Ambos foram emprestados, com uma cláusula de opção de compra.
“Só este ano fizemos negócios com o Coritiba, Vitória, Cruzeiro, Corinthians, Cuiabá e Ferroviária. E o que chamou a atenção desses grandes clubes foi o trabalho bem feito. Nada vence o trabalho”, contou.
Esse contato com os grandes times brasileiros, segundo Fábio, se deve à flexibilidade do clube ao negociar seus atletas.
“Nós não dificultamos a saída de grande parte dos nossos atletas. Onde meu atleta vai ter mais visibilidade? Vale mais a pena ter 30% de um atleta e ele lá no Palmeiras do que ter 100% dele aqui no União Suzano. E isso abre as portas para muitas outras negociações”, explicou

Mas não só de vendas vive o clube. Foi durante a gestão de Fábio Souza que o USAC conseguiu uma contratação ilustre no elenco. O ex-zagueiro profissional Cleber Reis, que teve passagens pelo Corinthians, Santos e Hamburgo, da Alemanha, integrou o elenco em 2023. Amigo pessoal de Souza, ele agora será o vice-presidente do clube suzanense.
“Cleber é um grande parceiro. Eu fiz o convite, ele veio nos conhecer, gostou do projeto e aceitou vir para o clube. Agora eu o nomeei como meu vice-presidente. Vai ser bom para mim, para ele e para o clube. O nome dele vai nos fortalecer aqui”, disse.

Segundo Fábio, a presença de Cleber na diretoria do clube permite o fortalecimento da imagem do União Suzano e trará confiança a investidores interessados no time.
“A vinda dele abre portas, porque a história que o Cleber tem é uma história bonita. Se fossemos um clube bagunçado e desorganizado, você acha que ele iria queimar o nome dele com esse projeto? Não iria. Mas isso é um fortalecimento da nossa credibilidade. Eu quero mostrar que o futebol aqui anda porque a maioria da minha diretoria é formada por ex-atletas, que sabem como funciona o jogo”, destacou.  

Mas possivelmente o momento mais marcante de toda a gestão foi a conquista do título inédito da Segunda Divisão do Campeonato Paulista, em 2021.
“Tudo começou em 2019, quando buscávamos o acesso e trouxemos o João Valim, um treinador conhecido por conquistar muitos acessos às divisões paulistas. Gastamos um dinheiro, mas a vinda do Valim despertou o interesse das pessoas, percebendo que as coisas tinham mudado aqui no time. Em 2021, eu trouxe o Ricardo Costa, que era chamado do ‘Rei dos Acessos’. Ele só me pediu carta branca para trazer reforços e garantiu o acesso. E fomos campeões invictos, sendo uma emoção muito grande. Eu vivi isso dentro de campo e fora do campo e fora a gente sofre ainda mais, mas ainda assim, conquistar isso é uma sensação indescritível”, contou.

Próxima temporada

Com 2023 perto do fim, os planejamentos para a temporada de 2024 já estão a todo vapor. E a ideia é que no próximo ano, o time tenha calendário de jogos de janeiro a dezembro, além da conquista do tão sonhado acesso para a Série A2 do Campeonato Paulista.

“Meu sonho é botar o time na A2 do Paulista e isso não vai demorar. Já tem dois anos que estamos batendo na trave, mas estamos montando uma equipe boa para a próxima temporada. Vamos disputar a Copinha, já mandamos a documentação. O objetivo é fazer uma boa Copinha, fazer novos negócios, montar um time bom para tentar o acesso para a Série A2. Subimos? Vamos tentar disputar a Copa Paulista para termos calendário para o ano inteiro e com a possibilidade de vaga na Copa do Brasil”, disse.

A Copa Paulista de Futebol é uma competição brasileira de futebol organizada pela Federação Paulista de Futebol. É considerada o segundo torneio em importância ao nível estadual em São Paulo e seu campeão tem direito de escolha entre Copa do Brasil ou Serie D do Campeonato Brasileiro.

Política

Além do futebol, Fábio tem um interesse de influenciar o esporte da cidade de outra forma: pela política. A intenção é ser candidato a vereador de Suzano.
“Eu fui convidado pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e estou com a intenção de tentar ser vereador porque eu quero levantar a bandeira do esporte, do futebol e do União Suzano e isso seria importante para a cidade. Estou conversando com pessoas próximas porque não quero que isso me atrapalhe no clube. Estamos conversando, mas devo ser candidato sim, porque será importante para a cidade”, contou.

Ele também disse que, se eleito, seus deveres como parlamentar não seriam um conflito com seus deveres como presidente do União Suzano.
“Acredito que [ser vereador] não vai atrapalhar na minha presença no clube, porque eu tenho muita gente de confiança que fica aqui à frente do clube. As decisões finais são minhas, mas eu tenho muita gente de confiança lá dentro”, finalizou.