Dia Internacional de Combate a Aids: como surgiu a data e qual a importância dela para hoje em dia

Nesta sexta-feira (1º) é celebrado o Dia Internacional de Combate a Aids, data que busca conscientizar as pessoas a respeito dos cuidados a respeito da doença, mas que também busca desmistificar preconceitos e estereótipos, também marcando o início da campanha Dezembro Vermelho.

Para isso, o portal HojeDiario.com preparou uma matéria falando sobre a origem do dia e cuidados a se tomar para não transmitir ou se contaminar com o vírus.

Prevenção e diagnóstico

O diagnóstico pode ser acessado de forma simples, uma vez que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente testes para identificar o vírus HIV, além de outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e das hepatites B e C. Existem, no Brasil, dois tipos de testes: os exames laboratoriais e os testes rápidos.

Os testes rápidos são práticos e de fácil execução; podem ser realizados com a coleta de uma gota de sangue ou com fluido oral e fornecem o resultado em, no máximo, 30 minutos.

No caso de prevenção, é importante sempre ressaltar o uso de preservativos na hora da relação sexual. O preservativo, ou camisinha, é o método mais conhecido, acessível e eficaz para se prevenir da infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), como a sífilis, a gonorreia e também alguns tipos de hepatites.

Existem dois tipos de camisinha: a masculina, feita de látex e deve ser colocada no pênis ereto antes da penetração; e a feminina, feita de látex ou borracha nitrílica e é usada internamente na vagina, podendo ser colocada algumas horas antes da relação sexual, não sendo necessário aguardar a ereção do pênis. É recomendado inclusive que a camisinha seja utilizada tanto na relação, mesmo que ela seja oral ou anal.

Também é importante uma visita anual ao médico para cuidar da saúde dos órgãos genitais, sempre prevenindo não somente a Aids, mas também outras doenças que podem ser transmitidas durante a relação sexual.

Entre outras medidas a serem tomadas estão

  • Exigir material descartável ou esterilizado em consultórios médicos e odontológicos, laboratórios de exames, barbearias, serviços de manicure e estúdios de piercing e tatuagem;
  • Não compartilhar objetos cortantes como agulhas, lâminas e seringas;
  • Utilizar luvas ao manipular feridas e líquidos contaminados;
  • Grávidas: fazer teste HIV no pré-natal e, caso o resultado dê positivo, o médico orientará o procedimento para que a gravidez seja segura para o bebê.

Diagnóstico

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, até julho de 2023, 39 milhões de pessoas vivem com HIV em todo o mundo, enquanto em 2022, 630 mil morreram de causas relacionadas a HIV, no mesmo ano.

Somente no Brasil, são um milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Em 2022 houve o registro de mais de 16,7 mil casos da infecção.
A preocupação incide em homens de 15 a 29 anos, faixa que, em 2021, registrou 28.699 casos da doença. 53,3% dos casos ainda são de homens entre 25 e 29 anos.

Apesar disso, o diagnóstico do vírus não é uma sentença de morte, como muitos acham, afinal de contas, ninguém morre de HIV, mas por outras doenças que não são combatidas pelo sistema imunológico, uma vez que esta é a área do vírus prejudicada no organismo, impedindo que ele se defenda e responda a doenças oportunistas.

Além disso, hoje a Aids já é tratada como uma doença crônica tratável. Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas vivendo com HIV que necessitam de tratamento. Atualmente, existem 22 medicamentos, em 38 apresentações farmacêuticas aos quais as pacientes podem ter acesso gratuitamente, permitindo ao paciente uma vida saudável e comum.

História

A iniciativa começou em 1987, quando foi realizada a 3ª Conferência Internacional de Aids, em Washington (EUA). A ocasião reuniu 200 mil pessoas e ativistas, dos quais muitos viviam com o vírus.

Na época, havia pouca definição sobre as ações a se tomar em relação à doença. Foi somente no ano seguinte, porém, que a Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial da Saúde propuseram o dia 1º de dezembro como data comemorativa que foi instituída a partir daquele ano, marcando cinco anos da descoberta do vírus. Naquele momento, pelo menos 65,7 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas com o vírus HIV, sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana.

No Brasil, o primeiro caso foi registrado em São Paulo, em 1982. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 1987, havia 2.775 casos da doença no país. Nesse contexto, uma equipe de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), coordenada pelo imunologista Bernardo Galvão, isolou pela primeira vez na América Latina o vírus HIV-1, dando visibilidade à pesquisa nacional e ao trabalho da Fiocruz. Após mais de duas décadas, o programa nacional é referência mundial e distribui gratuitamente preservativos e medicamentos à população brasileira com objetivo de realizar a prevenção contra a doença.

Nessa época, havia um grande preconceito em relação à doença, relacionando-a diretamente ao movimento gay que crescia no mundo todo. Manchetes de jornais muitas vezes estampavam a Aids como “o câncer gay”, o que só piorou quando algumas figuras públicas famosas como Freddie Mercury, declaradamente homossexual, relatavam que lutavam contra a doença, o que resultava na associação direta de toda e qualquer morte por HIV com o tipo de orientação sexual.

Até o ano de 1990, 45,9% dos casos de Aids no Brasil incidiam em indivíduos homossexuais ou bissexuais masculinos, segundo o Ministério da Saúde. Esses dados, associados ao preconceito e à discriminação pela orientação sexual, porém, geraram um atraso na consciência social da necessidade de medidas de saúde públicas sobre os cuidados necessários na hora da relação sexual e principalmente para criação e implantação de políticas públicas das Doenças Sexualmente Transmissíveis.