“A fragilidade humana”, por Padre Claudio Taciano

Desculpem-me o tema queridos, afinal de contas os desafios não são maiores do que a nossa esperança. Infelizmente, ainda assistimos cenas que põem em prova a nossa capacidade de conviver, pensar e acreditar em dias melhores.

Depois de dois milênios da era cristã, a humanidade ainda continua patinando no terreno escorregadio da violência, da desumanidade e do mal. A explosão tecnológica, que favoreceu inclusive comunicação global, coloca diante de nossos olhos não somente os problemas que afloram em nossa realidade brasileira, mas também pelo mundo afora.

Como gostaríamos que certas imagens de crianças e jovens, adultos e idosos, feridos e mortos pela violência e pela guerra, não fossem reais. A triste e dolorosa cenas de violência que assistimos atravessam a nossa alma e o nosso coração. Os porões de uma sociedade, aparentemente, normal escondem cenas cruéis e terríveis da vida real.

De onde vêm a maldade e a indiferença? Senão das situações traumáticas e traumatizantes que passamos, vivemos e crescemos. Lógico, que nada justifica a decisão e a atitude consciente e livre de quem opta em fazer o mal ao inocente.

Não nos esqueçamos também de muitas pessoas que, mesmo crescendo num ambiente desfavorável, violento e desumano conseguiram seguir um caminho diferente daquele que viveu.

No que toca, especificamente a guerra, infelizmente no contexto próprio dela, não há escrúpulo e nem piedade, o importante é vencer o inimigo. O instinto de sobrevivência e de derrotar o adversário falam mais alto.

Como sair deste círculo de morte? Não há um roteiro exato para isso. Todavia, a bondade e o amor, a serenidade e a esperança quebram as correntes que nos aprisionam e nos ferem. Essas correntes, muitas vezes invisíveis, distorcem a realidade a ponto de transformar irmãos em adversários e amigos em inimigos.

A leveza do bem tem mais força do que o peso do mal. A fé não é para caminharmos sozinhos, mas é para nos lembrarmos de que somos todos irmãos, inclusive daqueles que não creem em quem e no que cremos.

Não reconhecer o outro como irmão e parceiro é a mesma coisa que defender a violência e a divisão. A fraternidade e a justiça devem ser laços inquebrantáveis. Quanto mais desunidos e orgulhosos formos, mais frágeis e mais perdidos seremos.

Que a bondade de Deus dilua o nosso orgulho em nome dos nossos pais, do próximo e de nós mesmos.

Amém.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do HojeDiario.com)