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“Vivendo a Semana Santa”, por Padre Claudio Taciano

Ao celebrarmos o Domingo de Ramos, damos início à Semana Santa, tempo privilegiado de graça, recolhimento e intensa espiritualidade.
É o momento em que a Igreja nos convida a mergulhar no mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vivemos em um mundo dilacerado por discórdias, marcado pela injustiça, ferido pela violência e pelo ódio. Nesse contexto tão sofrido, é natural que muitos corações se comovam diante do sofrimento do Cristo Crucificado, especialmente na Sexta-feira da Paixão.

Essa dor que contemplamos não é distante — toca nossas feridas mais humanas. A traição, a hostilidade, o julgamento injusto e a morte de cruz são realidades que ainda ecoam em nossa história pessoal e coletiva. Por isso, não é raro que nos identifiquemos com o Cristo sofredor. Ele não sofreu por nós apenas, mas sofreu conosco, assumindo em Si mesmo todas as dores humanas.

A cruz, no entanto, sempre provoca perguntas: “Será este o Messias?” — como se perguntavam os que O seguiam. Também nós, muitas vezes, ansiamos por um Deus que resolva tudo imediatamente, que ofereça respostas rápidas e caminhos fáceis. Mas o Senhor não é mágico, tampouco oportunista. Ele é paciente, silencioso, e caminha conosco no compasso da vida.

A fé não elimina o sofrimento, mas o transfigura. A frustração, o desapontamento, a tristeza e até a revolta podem visitar o coração crente. E tudo isso, se vivido com humildade e confiança, pode tornar-se ocasião de crescimento espiritual. Deus não desperdiça nenhuma lágrima.

As crises da vida, ainda que amargas, são também terreno fecundo onde florescem virtudes antes adormecidas. Muitas vezes, é na dor que o orgulho cede espaço à verdadeira humildade; é na perda que a fé amadurece; é na espera que se aprende a confiar. A cruz não é o fim, mas a passagem.

Celebrar a Semana Santa, portanto, não é assistir a um drama comovente. É entrar no mistério da salvação. É reconhecer que a entrega de Cristo na cruz revela o amor infinito do Pai por nós. Não se trata de sentir pena de Jesus, mas de deixar-se alcançar por Seu amor redentor.

Que este tempo santo nos ajude a olhar para a cruz com reverência e fé, certos de que ela não é sinal de fracasso, mas de vitória. Pois, com Cristo, o sofrimento é redimido, e a morte dá lugar à vida nova.

(Este texto não reflete, necessariamente, a opnião do Portal HojeDiario.com).