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“A oração”, por Padre Claudio Taciano

A oração é dádiva, é dom, é graça de Deus. Deus nos possibilitou a graça de louvá-lo e exaltá-lo. Porém, a nossa singela oração não muda Deus – afinal, quem somos diante do Altíssimo? -, mas nos aproxima dele. Em nível espiritual, não é a simples repetição de frases, ou a adesão dos outros à nossa ‘envolvente’ oração que a qualifica, mas a entrega do nosso coração e da nossa alma, bem como o nosso firme propósito de associar a nossa vida a mensagem de Deus, o que é chamado de coerência e/ou testemunho. Essa harmonia nos torna mais dóceis a ação do Senhor.

Tal sutileza e disposição nem sempre é visível, mas essencial para os efeitos contínuos da graça divina. Na oração a pessoa não é a protagonista, nem sua vontade, por melhor que seja! Mas sim, o Espírito Santo que age e transcende as fraquezas humanas. Cabe a quem reza o justo discernimento, a boa intenção para não se apropriar e usurpar um dom que é concedido por Deus. Aliás, quando o ser humano se coloca muito em evidência, quando se auto elege como portador especial e exclusivo da mensagem de Deus, quando a vaidade e o orgulho solapam a humildade querida por Deus, ali está presente mais a precariedade humana do que grandeza divina. Jesus sendo Deus se fez homem, portanto é ele a referência primordial e essencial de todos que buscam segui-lo e invocá-lo.

Num mundo cada vez mais virtual, narcisista e artificial se banaliza, constantemente, o essencial, o importante e se exalta o acidental, ou seja, o que não é justo e relevante! Infelizmente, a realidade nos mostra, a multiplicação de pseudos líderes religiosos que se acham deuses encarnados, munidos de pseudos dons.

Jesus fez um caminho contrário, para nos mostrar e lembrar, que a verdade resplandece em corações simples, desejosos de Deus, e que a artificialidade vultuosa pode até surpreender muita gente, mas não Deus!

Quando rezamos nos revelamos, sendo assim, que o nosso coração busque aquilo que é genuinamente cristão, ainda que para isso tenhamos que passar por espinhos, pedras e carregar a cruz.

As dificuldades não servem para, como dizem alguns, para atestar a ineficácia da oração, e a indiferença do Deus dos cristãos, mas indicam a nossa limitação e a nossa temporalidade. Esse choque de realidade serve para nos amadurecer e nos livrar de vanglória e excentricidade. Quanto mais comuns, mais verdadeiros e conscientes da própria limitação, a ponto de precisarmos, graças a Deus! exercer a fé na oração, na caridade, na paciência e na esperança nossa de cada dia. Parece algo chato, sem graça, mas a vida comum ancorada em Deus traz a alegria capaz de curar a alma de todo e qualquer flagelo, causado pela decepção, angústia e ira. Deus nos abençoe, rezemos uns pelos outros!

(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com).