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“O que o caso de Edu Guedes nos ensina sobre o câncer de pâncreas”, por Doutor Jorge Abissamra Filho

Nos últimos dias, o apresentador Edu Guedes chamou a atenção ao revelar que passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no pâncreas. A notícia surpreendeu o público, sobretudo por ele aparentar estar saudável e ativo até então. Essa comoção é compreensível — e levanta uma questão importante: como um câncer tão grave pode surgir “de repente”?
Na verdade, o câncer de pâncreas raramente surge de forma súbita. O que acontece é que ele costuma se desenvolver de maneira silenciosa, sem sintomas claros nas fases iniciais, e por isso muitas vezes só é diagnosticado em estágios mais avançados, ou incidentalmente — como pode ter ocorrido com Edu Guedes, que estava sendo tratado inicialmente por um quadro renal.

Esse tipo de tumor é considerado um dos mais desafiadores da oncologia. Ele cresce rapidamente, tem alto risco de invasão de estruturas vizinhas e, infelizmente, apresenta resposta limitada à maioria das quimioterapias convencionais. Quando possível, a cirurgia é a melhor chance de controle — mas é um procedimento complexo, que exige uma equipe experiente e estrutura hospitalar adequada.

Mas por que ele acontece?

A ciência já identificou alguns fatores de risco, como o tabagismo, obesidade, pancreatite crônica, diabetes tipo 2 e, em alguns casos, predisposição genética. No entanto, muitos pacientes diagnosticados não apresentam fatores evidentes, o que torna a prevenção e o rastreio ainda mais difíceis.

Quais sinais devemos observar?

Embora sejam inespecíficos, alguns sintomas devem chamar atenção, como:

  • Dor abdominal persistente, que irradia para as costas
  • Perda de peso sem explicação
  • Icterícia (pele ou olhos amarelados)
  • Fezes claras, urina escura
  • Cansaço intenso, náuseas ou perda de apetite

Se esses sintomas persistirem por dias ou semanas, é fundamental procurar atendimento médico. Exames de imagem como tomografia ou ressonância podem ser cruciais para detectar alterações pancreáticas.

Existe prevenção?

Ainda não há uma forma efetiva de rastrear precocemente a doença na população em geral. Por isso, adotar hábitos saudáveis é a nossa melhor arma: não fumar, manter o peso sob controle, praticar atividade física e cuidar da alimentação são atitudes que ajudam a reduzir o risco não só desse, mas de vários tipos de câncer.

O caso de Edu Guedes serve como um alerta — e também como um incentivo para valorizarmos o diagnóstico precoce, os exames de rotina e o cuidado com a nossa saúde, mesmo quando nos sentimos bem. Como oncologista, reforço: não espere o sintoma se agravar para agir. O corpo fala, mesmo quando sussurra.