Desde os primórdios da humanidade, os animais de estimação ocupam um lugar cativo ao lado das pessoas. Entre todos, os cães são, talvez, os companheiros mais antigos. Pesquisas arqueológicas revelam que a ligação entre humanos e cães remonta a mais de quinze mil anos, quando lobos foram domesticados gradualmente, aproximando-se das fogueiras das primeiras tribos em busca de alimento e abrigo.
Ao longo dos séculos, essa relação evoluiu. Os cães, antes caçadores e sentinelas, tornaram-se parte essencial das sociedades humanas. No Egito Antigo, eram reverenciados e, na Roma clássica, valentes protetores de domicílios e rebanhos. Nos castelos medievais, serviam à nobreza tanto como guardiões quanto como símbolo de lealdade.
Últimas Notícias
Através do tempo, manipularam as características físicas e comportamentais, o que resultou na variedade de raças que conhecemos hoje, cada uma com aptidões próprias: caça, pastoreio, companhia, resgate, trabalho policial. Mais recentemente, os cães conquistaram ainda outros papéis, como o de auxiliares em terapias e guias para pessoas com deficiência visual.
Mas nem tudo são flores nessa caminhada dos cães ao lado dos humanos. Há pessoas que cuidam e outras que jogam fora como se fossem lixos.
Vivenciei essa semana um dor profunda. Na estrada perto de onde eu moro, há mais ou menos dois meses, jogaram um macho e 4 filhotes. Como passamos por lá duas vezes ao dia, fomos alimentando, aos poucos percebemos que outros vizinhos também o faziam. Os filhotes foram crescendo, e, percebemos com o passar dos dias, a proteção que o macho, supostamente o pai dos cachorrinhos tinha com eles.
Como eu normalmente resgato e cuido, escolhi uma fêmea, na minha humilde opinião a mais feia do bando, a que eu sabia que não seria escolhida. Levei, dei remédio para acabar com as pulgas, vitaminas, alimentei bem, castrei, e está uma filhote adorável.
Assim como eu outros moradores da vizinhança levaram mais dois filhotes, estando apenas um, que aguardávamos ansiosamente que alguém resgatasse. Mas não foi o que aconteceu, numa manhã, meu marido passou para alimentar o pai e o filhote restante foi surpreendido pelo filhotinho morto, jogado num barranco. Muito triste, eu chorei muito, abracei a irmãzinha que eu acolhi.
Mesmo com tantos estímulos nas redes sociais, demonstrando que os cães e os gatos são companheiros fiéis, há ainda quem os descarte como se fossem lixo.
Mesmo com tantas organizações que cuidam e resgatam, é visível que o descarte de animais supera, em muito, a capacidade de pessoas como eu, por exemplo, que já conto com mais de duas dezenas de animais resgatados. Que o poder público possa fazer campanha de conscientização para castração e para o acolhimento responsável. Que não sejam essas campanhas apenas vinculadas às questões eleitoreiras.
A história dos cães é, enfim, a própria história da convivência humana, marcada pela troca de afeto, proteção e confiança. Se pudessem falar, talvez contassem histórias de coragem, companheirismo e uma longa jornada compartilhada ao nosso lado e, claro, lamentariam muito a falta de ética dos humanos com seres tão devotados como eles.
(Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal HojeDiario.com)