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Após operação da Polícia Federal nesta sexta (18), ex-presidente Jair Bolsonaro é obrigado a usar tornozeleira eletrônica e fica proibido de usar redes sociais

A Polícia Federal (PF) cumpriu, na manhã desta sexta-feira (18), dois mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A operação foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito de um novo inquérito que investiga declarações feitas por Bolsonaro e pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, consideradas indícios de confissões de crimes.

Além das buscas, o STF impôs uma série de restrições ao ex-presidente. Bolsonaro está proibido de acessar redes sociais, manter contato com outros investigados — incluindo seu filho, Eduardo Bolsonaro —, conversar com diplomatas ou embaixadores, entrar em embaixadas ou consulados, e deixar o Distrito Federal.

A investigação, solicitada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), apura possíveis delitos como coação no curso do processo, obstrução de investigações sobre organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania nacional. Durante a operação, foram apreendidos celulares, quantias em dinheiro, um pen drive e outros objetos.
Bolsonaro também foi levado à Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde recebeu uma tornozeleira eletrônica.

Ao deixar o local, o ex-presidente conversou com jornalistas e classificou as medidas impostas pelo STF como uma “suprema humilhação”. Negou ter cogitado sair do Brasil ou buscar refúgio em embaixadas, embora tenha dito que teria facilidade para deixar o país, caso quisesse.

Na residência de Bolsonaro, localizada no bairro Jardim Botânico, em Brasília, os agentes apreenderam US$ 14 mil e R$ 8 mil em espécie. Segundo ele, é comum guardar dólares em casa, e afirmou que pode comprovar a origem dos valores. Já sobre o pen drive encontrado em um dos banheiros, declarou desconhecer o dispositivo.

A decisão prevê ainda recolhimento domiciliar obrigatório entre 19h e 6h nos dias úteis, e em tempo integral nos finais de semana e feriados. O passaporte de Bolsonaro já havia sido recolhido pela PF em fevereiro deste ano.

Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, declarações públicas feitas por Bolsonaro e por seu filho, Eduardo Bolsonaro, configuram possíveis confissões de práticas ilegais. Um dos elementos apontados foi uma entrevista do ex-presidente, na quinta-feira (17), na qual afirmou que a suspensão de sanções dos Estados Unidos ao Brasil dependeria de uma eventual anistia aprovada pelo Congresso Nacional.

Moraes também destacou postagens feitas por Eduardo Bolsonaro na rede social X e entrevistas concedidas à CNN, em que o deputado defendeu a taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos. Trump justificou a medida mencionando uma suposta perseguição judicial contra Bolsonaro no Brasil.

Todos esses fatos integram a Ação Penal que apura a conduta de Bolsonaro e outros sete aliados — entre civis e militares — por suposta tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais.